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Confira o Editorial do Jornal do Povo da edição deste sábado (16)

Confira o Editorial do Jornal do Povo da edição deste sábado (16) - Divulgação
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As obras da ponte sobre o rio Paraguai, entre as cidades fronteiriças de Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY), custeadas pela Itaipu Paraguai, começaram há poucos dias e atraem olhares do mundo todo, afinal, é o trecho que ainda falta para a implantação do novo corredor terrestre que encurtará a distância entre os oceanos Atlântico e Pacífico, em pelo menos oito mil quilômetros, cruzando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.

Nesses próximos três anos, prazo para a conclusão da ponte, devem se intensificar os investimentos dos setores público e privado em Mato Grosso do Sul a partir da instalação de novas empresas e indústrias, já que a expectativa é que o estado se torne um ‘hub’ estratégico de logística da América do Sul, um dos meios mais modernos para promover a organização eficiente do transporte e a agilidade na distribuição de mercadorias, como as commodities.

O vizinho estado do Paraná deu os primeiros passos para otimizar a complexidade das operações logísticas e já começa a colher os frutos desse investimento, a partir dos portos de Paranaguá e Antonina. O hub logístico paranaense movimentou, somente no ano de 2021, quase 60 milhões de toneladas em produtos, um recorde histórico para a região. É a partir desse potencial de movimentação de cargas, que Mato Grosso do Sul pode revolucionar a economia local, atingindo todos os níveis da cadeia produtiva, em diversos setores, e demandando por milhares de profissionais, desde a mão de obra do chamado ‘chão de fábrica’ até a alta gestão corporativa, passando ainda pelo aumento na demanda por serviços médicos, de hotelaria, locação de veículos, turismo, entre outros.

Porto Murtinho, Campo Grande, Três Lagoas e outras cidades sul-mato-grossenses pelo caminho da Rota Bioceânica vão ser altamente impactadas e precisam implantar, o quanto antes, melhorias de infraestrutura nas áreas urbana e rural, baseadas em tecnologia de ponta, para não se transformarem em locais de passagem, mas sim de atração, apoio e de investimentos. Precisam olhar para o futuro próximo e entender o quão diferente podem fazer agora, para, finalmente, participar e usufruir dessa transformação econômica que começou a ser desenhada oficialmente na década de 90, com as primeiras excursões saindo de MS até o Chile para levantamento de percursos, demandas, pesquisas de viabilidade econômica, etc. 

Trinta anos depois, o projeto para transportar as exportações e importações do Brasil pelo caminho mais curto e econômico entre Pacífico e Atlântico, evitando o canal do Panamá para chegar ou sair da Ásia e leste europeu, ganhou força de empresários e governos de todos os países envolvidos e, por aqui, não deve se resumir ao setor rodoviário para chegar aos portos do litoral chileno, como muitos imaginam.

O corredor Brasil-Chile, precisa ter conexões pela ferrovia, hidrovia e pelo setor aeroportuário. É hora de acordar para a história e agir com eficiência em prol da coletividade e promover o tão esperado boom econômico sustentável que pode fazer de Mato Grosso do Sul um elo importante na cadeia logística mundial, a exemplo dos hubs de Cingapura, no sudeste asiático, e Dubai, no Oriente Médio. Na América Latina, os principais hubs logísticos estão no Chile, Panamá e México.