"A baixa adesão à vacina contra a poliomielite por parte das crianças, de 1 a 4 anos, coloca em risco a saúde de toda a população”. A afirmação é da coordenadora do Setor de Imunização de Três Lagoas, Humberta Azambuja, ao explicar o motivo da prorrogação da campanha nacional de imunização contra a poliomielite no país que foi estendida até 30 de setembro.
“Três Lagoas segue a tendência nacional. No país, a cobertura está na faixa dos 40% e no nosso município a taxa é de 53%. Temos menos de um mês para vacinar mais de 3,4 mil crianças desta faixa etária”, destaca.
Azambuja esclarece que, apesar dos esforços e dos trabalhos fora das unidades de saúde, ainda assim, o ritmo de vacinação está muito lento. “Fomos nos Centros Educacionais Infantis (CEIs) de Três Lagoas em dois momentos distintos, ampliamos horários e dias de vacinação em esquema de rodízio nos postos de saúde da cidade e também do Distrito do Arapuá. No entanto, em situações como nas creches, em que o pai não envia a carteira de vacinação do filho, as equipes de saúde ficam impedidas de imunizar”.
Outro ponto, segundo a coordenadora, é que neste ano, diferente dos últimos sete, a campanha é destinada à todas as crianças nesta faixa etária.
“Muitos pais estão ainda com essa dúvida. Eles pensam que como a vacina está em dia não precisam dar o reforço da campanha neste momento. Desde 2015 é que isso não ocorre, mas o Ministério da Saúde decidiu que, em 2022, todo o público infantil seja imunizado com a gotinha em virtude das confirmações de casos em alguns países. Já temos casos registrados neste ano nos Estados Unidos e Israel. Além de países onde a doença nunca foi erradicada. No Brasil, no entanto, a poliomielite está controlada, mas há o risco de entrar e um novo surto acometer a população”, alerta.
Vulnerável
Adultos que nasceram antes de 1976 não foram vacinados contra a poliomielite. O imunizante chegou naquele ano no país e só é administrada em crianças. “Adultos com mais de 46 anos só são vacinados em caso de viagem à países endêmicos, como Afeganistão e Paquistão. Do contrário, não. A estratégia é criar uma barreira epidemiológica com crianças e gerações seguintes imunizadas contra a doença. Mas caso a doença volte a entrar no país, estes adultos estão desprotegidos e mais vulneráveis a contrair a polio”, explica.
A poliomielite é uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, em 1 a cada 200 casos, o vírus afeta o sistema nervoso, causando paralisia irreversível.
