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Mudança

Guerreiro decide atender pedido de comissão e Tonhão voltará para Câmara

Processo para doação de área vai culminar na exoneração do secretário de Desenvolvimento Econômico, Antônio Empke Junior

O prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB) disse que vai acatar relatório da comissão de vereadores da Câmara de Três Lagoas que pede a exoneração do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Antônio Empke Junior, o Tonhão, vereador do MDB, licenciado do cargo.

A comissão encarregada de apurar denúncias de favorecimento a um empresário de Três Lagoas pediu no relatório, concluído na semana passada, a instalação de uma sindicância ou a demissão direta do secretário.
Os vereadores apontam que Empke Júnior tentou favorecer o empresário Ademir Celis Gonçalves com a doação de uma área pública total de 77,7 mil metros quadrados, incluindo parte das instalações de uma empresa que teve o terreno tomado pela prefeitura no ano passado, após o secretário concluir um levantamento de doações à iniciativa privada. Empke Júnior nega.

Guerreiro disse que respeita o trabalho de Tonhão à frente da secretaria, mas que precisa atender ao relatório em respeito ao trabalho dos vereadores. “O Executivo precisa estar alinhado com o Legislativo”, disse. Guerreiro destacou também que Tonhão deverá continuar exercendo “um bom trabalho na Câmara.” 

Com a saída de Tonhão do cargo, Luciano Dutra (MDB), suplente dele na Câmara, deixará o Legislativo e deve ser reaproveitado no Executivo. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, por enquanto, ficará sem secretário. O diretor de Indústria da pasta, Marcus Vinícius Ferreira, deve responder interinamente.

O CASO
A exoneração de Tonhão da secretaria é fruto de uma investigação da Câmara a respeito do processo de doação de uma área para uma empresa da cidade.

A Central Plast – fabricante de tanques de combustível para caminhões – recebeu 22 mil metros quadrados, em 2005, mas não concluiu a instalação da fábrica e perdeu todos os investimentos. Em 2017, oito empresas foram obrigadas a devolver terrenos à prefeitura.

O caso começou a ser investigado um mês depois da retomada dos terrenos e após notificação do Ministério Público à Câmara de que a empresa de Ademir Gonçalves – fabricante de caixas d’água e tanques de aço – seria beneficiada com as instalações físicas da Central Plast.

O projeto de doação não possui essa informação. Empke Júnior disse que a omissão ocorreu por “falha” da secretaria e pediu a retirada da matéria, da Câmara, no meio de sua tramitação. Na época de divulgação do relatório, Tonhão admitiu falha na elaboração do projeto, com “um erro formal por parte da secretaria em não ter constado benfeitorias da área pública no projeto”. “Posso até admitir que houve negligência da minha parte, na vontade de conquistar mais um investimento para a cidade”, disse.

Em um croqui, o empresário apresentou fotografias de obras executadas em um terreno público que recebeu da prefeitura, em 2004, e que também deve ser entregue ao município após descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta assinado em 2010, com o Ministério Público. 

A anexação da área total contribuiria, segundo os vereadores, com a liberação de um empréstimo de R$ 16 milhões pedido por Ademir Gonçalves ao Banco do Brasil. No projeto original, o empresário se comprometia a investir R$ 40 milhões e a gerar 155 empregos diretos.

SEM INFORMAÇÃO
Apesar da informação dada à reportagem, Antônio Empke Júnior disse ontem à noite que desconhece a exoneração. “Estou tentando marcar uma reunião com o prefeito há mais de uma semana, mas ele viajou. Não sei do que se trata e vou aguardar um encontro com ele”, disse.

Guerreiro não definiu uma data para a exoneração do secretário. “Volto para a Câmara com a certeza de que cumpri meu trabalho na secretaria”, disse Tonhão.