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Meio Ambiente

Queimada afeta biodiversidade, diz engenheiro agrônomo

Agrônomo explica que várias espécies são únicas naquela região e não terão como se recompor

O número de queimadas em Paranaíba é alarmante, segundo dados do Corpo de Bombeiros. Todos os dias, desde que teve início período de estiagem, a corporação militar recebe chamados para atendimentos deste tipo de ocorrência. Além de ser crime, a queimada gera transtorno, da fumaça e o mau cheiro.

Que as queimadas fazem mal a saúde é fato, porém o meio ambiente, principalmente áreas de preservação, também sentem os danos causados pelo fogo colocado na maioria das vezes de forma irresponsável.

O engenheiro agrônomo João Édino Rosseto explica que o meio ambiente é afetado principalmente na questão da biodiversidade de animais e plantas, que muitas vezes são encontradas em regiões específicas.

Em Paranaíba uma Área de Preservação Permanente, às margens do córrego Cabeceira do Aterro, paralelo a rua Emílio Ferraz, foi alvo de queimadas há cerca de 15 dias. O agrônomo explica que várias espécies são únicas naquela região e não terão como se recompor.

“Uma vez que você queima o exemplar único de uma espécie não tem como a natureza se recompor, pois não há mais representante dela. Além disso tem os animais, que podem morrer, como os pássaros, que alguns fogem, mas os filhotes morrem, não têm outra escolha. É um impacto direto”, observou.

Outro ponto citado por Rosseto foi a questão dos animais peçonhentos, que muitas vezes, para fugir do fogo vão para as residências vizinhas, como cobras, aranhas e escorpiões.

Ele também falou sobre a questão de impermeabilização do solo, após a queimada e exemplificou a situação com uma telha, de barro, que precisa de calor para ficar impermeável, e com o fogo o solo fica do mesmo jeito. “Isso afeta o ciclo da água, a água deixa de infiltrar e ficamos sem as reservas para o aquífero, e é esta água que bastece os poços, por exemplo. Ela fica como um asfalto”, explicou.

Aos produtores rurais, que utilizam a queimada para reformar o solo, ele desmistifica, dizendo que não é aconselhável, pois além de perder nutrientes, a terra tem perda de microorganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, com isso há perda de fertilidade e consequentemente há perda de dinheiro. “O produtor não quer isso, já há estudos agronômicos que indicam que a esta prática não é aconselhável”, apontou.

Chuva

O engenheiro destacou que em Paranaíba não há o registro de chuva significativa, acima de 10 milímetros, há pelo menos 101 dias, sendo registrado pela última vez em 15 de abril, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A última chuva foi entre 19 e 20 de maio, com registro de 1,6 milímetros. “Isso explica esta longa estiagem. É muito tempo de seca”, finalizou.