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Operação Vostok

Ministro do STJ nega prisão preventiva de Reinaldo Azambuja

Felix Fischer demonstra temor pelo impacto que a prisão poderia causar no Estado

"Por ora, mesmo em face de vasto material probatório em desfavor do governador Reinaldo Azambuja, deixo de representar pela sua prisão temporária em vitude dos prejuízos sociais e econômicos que a prisão do Governador do Estado poderia causar à sociedade sul-mato-grossense", diz trecho de decisão assinada dia 3 de setembro pelo ministro Felix Fischer, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em decisão que contraria pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para a prisão do governador.

Na mesma sentença, Fisher proíbe que o governador tenha contato com os investigados, testemunhas, colaboradores pelo prazo de 30 dias. Azambuja é candidato à reeleição pelo PSDB e tem R$ 38,8 milhões declarados em bens à Justiça Eleitoral. Em 2014 eram R$ 37,5 milhões. Em 2006, para a primeira candidatura dele como deputado estadual, a lista era de R$ 20,2 milhões.

A Operação Vostok (nome de uma estação científica na Antártida) foi escolhido por se tratar do uso de "documentos frios" pelo grupo integrado pelo governador.

Azambuja é, segundo a PF, um dos favorecidos pelo desvio de mais de R$ 209 milhões de cofres públicos desde o governo de André Puccinelli (MDB), entre 2007 e 2014, por meio da concessão de benefícios fiscais a empresa em troca de propinas.

Puccinelli, preso desde 20 de julho no Centro de Triagem da Polícia Civil de Campo Grande, teria "inaugurado" o esquema de troca, mantido posteriormente por Azambuja. O atual governador e um grupo de políticos e empresários teria lucrado R$ 67 milhões em propinas recebidas principalmente de frigoríficos ligados ao Grupo J&F. 

Foi a partir de uma delação premiada de executivos do grupo que Azambuja teve o nome citado como beneficiário de doações ilegais para a campanha eleitoral de 2014. Em diversas oportunidades, Azambuja negou a acusação.

PRESOS

O filho de Azambuja, Rodrigo de Souza e Silva, é um dos presos temporariamente. No esquema, segundo a PF, ele seria conhecido por "Príncipe". A reportagem não conseguiu acesso a advogado dele. Outros 13 suspeitos de participação no esquema têm mandado de prisão expedido. Destes, nove foram presos pela PF nesta quarta. 

*Reportagem atualizada em 13 de setembro, às 05h13 (MS), para correção de informação.