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Inadimplência em Três Lagoas bate recorde e é a maior dos últimos 5 anos

Mais de 6,9 mil consumidores tiveram o nome negativado pelo SCPC, o que resultou em R$ 4,3 milhões de dívidas

A inadimplência em Três Lagoas bateu o recorde, em 2015, com 6.957 consumidores no cadastro de devedores. O número equivale à população de Selvíria, Inocência e Santa Rita do Pardo, por exemplo, municípios que integram a região da Costa Leste. É o maior número de inadimplentes dos últimos cinco anos e o montante das dívidas não pagas pelos três-lagoenses chega a R$ 4,3 milhões, segundo o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).

O levantamento obtido pelo Jornal Povo aponta que o total de clientes que tiveram o nome negativado é quase o triplo em relação aos que buscaram a recuperação de crédito, entre janeiro a dezembro do ano passado: 2.745 consumidores. Dessa forma, como prevê a Associação Comercial e Industrial (ACI) de Três Lagoas, pelo menos, 4.212 pessoas iniciaram 2016 com o nome negativado.

Detalhe que, 237 consumidores estão com, pelo menos, duas dívidas em atraso e 18 deles com mais cinco dívidas em aberto. Além disso, somente no mês de dezembro, 458 novos devedores passaram a ter o nome sujo e 39,9% deles utilizaram o 13° salário para limpá-lo.

A inadimplência em 2014 atingiu 5.119 três-lagoenses, variação de 35,91% se comparado com o ano de 2015. Naquele período, 3.684 pessoas decidiram limpar o nome. Já em 2013 foram incluídos no cadastro de devedores 5.510 clientes e 4.254 deles conseguiram a exclusão do SCPC.

Em 2012, o número de inadimplentes foi de 6.099 e 4.566 recuperaram o crédito. No ano anterior, os devedores somaram 6.342 e 5.033 deles quitaram os débitos. Os dados revelam que as principais dificuldades de pagamentos são junto aos credores do ramo de comércio. O segmento de confecções lidera o ranking de calote, seguido de empresas de eletrodomésticos e móveis, conforme dados da Associação Comercial.

Para o economista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Marçal Rogério Rizzo, o cenário negativo coincide com a piora dos indicadores macroeconômicos, como inflação, renda e emprego, que afetam a capacidade de pagamento das famílias. “Estamos sofrendo um processo inflacionário aliado a ausência de crescimento econômico e recessão o que chamamos de estagflação. Isso ocasiona desemprego e de certa forma um panorama favorável para a não elevação dos salários da forma devida, ou seja, ao menos a reposição dos índices inflação”, observou.

Ele ressalta que diante disso as famílias tiveram aumento do seu custo de vida acima do aumento dos salários, não conseguindo assim, pagar as contas.

PERFIL

De acordo com os registros cadastrais, os homens são mais inadimplentes do que as mulheres, correspondendo a 70% do total de devedores. Nesse cenário, está o público masculino, com idade entre 30 e 50 anos. Os solteiros também possuem mais dívidas em aberto do que os casados, representando 4.427 pessoas.