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Ex-prefeitos opinam como deve ser o próximo administrador de Três Lagoas

José Lopes, Antônio João e Darcy da Costa Filho apontam necessidade de gestão profissional e relacionam prioridades da cidade

Eles administraram Três Lagoas em épocas diferentes, quando a cidade tinha arrecadação pequena, que nem se compara aos quase R$ 400 milhões do orçamento atual. Nesta edição, o Jornal do Povo entrevista ex-prefeitos da cidade, que contam um pouco da época em que administravam a cidade, falam da expectativa e o que esperam da próxima administração.

A reportagem conversou com o empresário José Lopes, que foi prefeito nomeado no período de 1982 a 1985; com o médico Antônio João Campos de Carvalho, que foi o primeiro eleito, no período de 1986/1988, e com o também médico, Darcy da Costa Filho, que assumiu de 1995 a 1996, no lugar de José Pedro Batiston, que foi prefeito em dois períodos: primeiro, de abril a dezembro de 1985, na época foi nomeado, e depois, eleito em 1993, permanecendo até 1995, quando renunciou. Em seu lugar quem assumiu a prefeitura foi Darcy da Costa .Filho, o Costinha que era o vice, e ficou por um ano. A ex-prefeita Simone Tebet preferiu não dar entrevista.

Primeiro eleito cobra mais planejamento

O médico Antônio João Campos de Carvalho administrou Três Lagoas no período de 1986 a 1988, e foi o primeiro prefeito eleito. Na época, a cidade tinha 60 mil habitantes, hoje são 115 mil moradores. Além disso, segundo ele, o município tinha uma arrecadação de R$ 12 milhões por ano, enquanto que, para 2017, o orçamento previsto é de R$ 432 milhões. “Era uma realidade bem diferente”, destaca.

Carvalho espera do próximo prefeito uma política administrativa. “A gente percebe que nos últimos anos está havendo uma política muito imediatista. Aparece uma coisa, socorre. Não há um planejamento global”, disse.

O ex-prefeito observa que poucas obras são executadas com recursos próprios e que, apesar da arrecadação, o município fica na dependência de repasses estaduais e federais para investimentos. Para ele, o administrador precisa ficar atendo a folha de pagamento para não consumir boa parte da receita. “É preciso haver economia nos gastos públicos, na folha de pessoal, com aluguel de carros, de imóveis, entre outros. Além disso, é preciso haver uma frente muito maior da limpeza pública, e analisar a questão da terceirização. Isso que chamo de política administrativa, é ter uma visão do que quer”, destaca.

Antônio João ficou reconhecido pelo incentivo à criação das associações de moradores dos bairros. Ele se recorda que, na época em que assumiu a cidade tinha apenas três associações, e quando deixou a prefeitura eram 21. Atualmente, os presidentes de bairros reclamam da falta de apoio da prefeitura.

 Para o ex-prefeito, ouvir os anseios da comunidade é de extrema importância para uma administração.

Lopes administrou no período do Cruzeiro

José Lopes conta que foi prefeito em período totalmente adverso do de hoje, quando a inflação era “galopante”. Além disso, lembra que existia uma crise politica. “Aquele que exercia o cargo, e o governador fosse de partidos diferentes, sofria restrições”, recorda.

Entretanto, destaca que, com o passar dos anos, Três Lagoas se desenvolveu muito e precisa ter um administrador que não tenha aspirações políticas futuras e se preocupe com a administração que vai assumir e não faça do cargo um trampolim. “Ninguém segura mais o desenvolvimento de Três Lagoas, que hoje é considerada a capital mundial da celulose”, disse.

Lopes ressalta que Três Lagoas é situada em uma posição geográfica privilegiada e por ser “contemplada” com hidrovia, ferrovia e rodovias. Por isso, destaca a importante de a cidade ter um prefeito que pense exclusivamente na administração. “Terá que ser aquele que já passou por todas as funções e todos os objetivos na vida profissional, que venha empregar sua experiência em benefício de toda a região”, ressalta.

De acordo com Lopes, Três Lagoas possui uma arrecadação “muito boa” e, se bem aplicada por um bom administrador, pode ser beneficiada. O empresário nem lembra a arrecadação que o município tinha na época em que foi prefeito. Só se recorda que era em Cruzeiro (moeda da época). “Nem se compara. Para se ter uma ideia, uma arrecadação de IPTU não cobria nem a folha de pagamento dos funcionários”, ressalta. Situação diferente da de hoje. Até maio deste ano, a prefeitura já havia arrecadado R$ 16,2 milhões só com o IPTU. “Não dava para fazer investimentos, tínhamos que contar com o apoio do governo do Estado” recorda.

O ex-prefeito gostaria que o próximo administrador resgatasse a Festa do Folclore, idealizada em sua gestão, e que há três anos, sob a alegação de falta de recursos, não é realizada. “Quem não tem passado, não tem história. E o Folclore reaviva tudo isso”, destaca.   

Industrialização começou há 20 anos, diz Costa

O médico Darcy da Costa Filho, o Costinha, foi prefeito há 20 anos. Ele disse que, na época, já se esperava esse crescimento. “Na época já existia procura para instalação de indústrias, inclusive já se falava nas empresas de celulose. Mas, tudo aconteceu a passos largos”, destaca.

Costinha disse que, na época em que foi prefeito, Três Lagoas arrecadava por mês R$ 1,2 milhão – quantia que o município arrecada atualmente por dia. “Não tínhamos uma política efetiva de cobrança do ISS. Na época, não tínhamos nem a Lei de Responsabilidade Fiscal, que hoje é muito importante em qualquer administração pública”, destaca.

Para Darcy, o próximo prefeito de Três Lagoas precisa pensar em um desenvolvimento futuro. “Quem entra no poder não pode pensar em uma política para apenas os quatro anos, mas em longo prazo, em uma política para o desenvolvimento da cidade”, destaca.

O ex-prefeito entende que o próximo administrador da cidade tem um desafio pontual, que é o de melhorar o atendimento na área da saúde. “O desafio não é apenas nessa área, mas na infraestrutura, assim como em outras. É preciso pensar na macroeconomia do município”, analisa.

 Para Costinha, é importante que o próximo prefeito tenha credibilidade para fazer representatividade ao estado e ao governo federal, além de estar ao lado de pessoas que pensam no desenvolvimento de Três Lagoas. “É importante ter pessoas capazes de desempenhar determinados cargos. Às vezes tem que atender alguém politicamente, mas que, talvez não vai responder efetivamente por aquilo que o cargo necessita”, observa .