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Para além da Lava Jato (5)

Leia artigo de Sebastião Fontoura, publicado na edição deste sábado do Jornal do Povo

Os resultados das eleições municipais ocorridas neste mês comprovaram que o caminho percorrido pela aplicação da minirreforma será ampliado e que as reformas do sistema político partidário serão propostas, e vigiadas em sua discussão e votação pelas redes sociais, buscando assegurar que venham a contento da vontade da população e não guiada pelos interesses da classe política e congressual reinante, como sempre ocorrera. 

Agradeço a diversas manifestações de concordância com os artigos publicados sobre o mesmo título, inclusive pela exposição coordenada das ideias e aguardando ansiosos o tema de “responsabilização política”. Rabiscada inicialmente para destacar as confessadas indolências congressuais ao submeterem em votação, em tempo recorde, os relatórios e pareceres do Tribunal de Contas da União sobre as contas de governos, desde Itamar Franco, passando pelos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e ainda do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, para chegar-se à analise substanciada do processo de impeachment da ex-presidente e ainda, causou-me estranheza  a insistente e insensata sustentação da defesa em afirmar que os crimes cometidos não foram crimes – foram mudança de entendimento do TCU de práticas cometidas antes – e, o pior, atribuir aos níveis de assessoramento e direção a indução aos erros dos atos cometidos ante os pareceres técnicos emitidos.

A sucessão de ofensas ao cidadão brasileiro segue em frente, sem limites, não bastasse a sentença final capenga do Senado, – agora Guido Mantega, Alexandre Tombini e outros membros do governo Dilma, são alcançados por inabilitações e multas em pesos variados, mas que de toda forma são brandas perante o volume e escala dos danos provocados. Estava rascunhado também estender a questão de responsabilização para a tragédia de Mariana e da circunstância da morte de Domingos Montagner, como exemplos claros entre outros tantos de descaso e inoperância da função tripartite do Estado. A percepção do alcance e extensão da propositura fez com que me perguntasse a exemplo do Bill McKay – “E agora, o que faremos?” -,  a resposta para mim veio da lembrança da afirmação de C. G. Jung  “pensar é difícil. Por isso a maioria das pessoas prefere julgar” e ainda, “o que aceitas te transforma”.
Assumi que a melhor forma de cobrar a responsabilidade política é ser responsável “por natureza, um ser vivo político”.
Entendo ser essa a hora das pessoas se interessarem mais e, quiçá, ingressarem na atividade política.

*É consultor de empresas.