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Crítica Política

Para além da Lava Jato (7)

Leia artigo de Sebastião Fontoura

A dimensão do alcance da operação Lava Jato, até os dias de hoje, já lhe imprime a condição de transformadora da política nacional. Deflagrada em 2014, atinge objetivamente o conluio entre agentes do governo, empresários e políticos em um processo sistêmico de corrupção.

O Poder Judiciário está vigoroso, assegurando o respeito às leis, entendidas como a base de toda sociedade civilizada e, ao confirmar a prisão de condenado em segunda instância, quebra a regra do sistema recursal até então reinante (de prisão após sentença transitada em julgado), finda o estímulo à impunidade aos crimes de colarinho branco – na prática reforça à Lava Jato.

Toda essa conjugação de fatores são consequências naturais da incapacidade e ineficiência na administração dos recursos e instituições públicas pelos governos recentes, afetos a práticas de que os fins justificam os meios. 

O Congresso Nacional pressionado adotou uma série de medidas e votações emergenciais, como a minirreforma eleitoral, o impeachment da ex-presidente e a lei de responsabilidade das estatais – muito aquém das demandas de sua fonte original, o voto do eleitor.

O eleitor, por sua vez, está sendo pressionado a se posicionar ante sua família, amigos, colegas, crianças, vizinho, enfim, pelas pessoas que compõem o seu universo de relacionamento social e das interfaces comunitárias, e qualificar e valorizar seu voto.

E é nesse particular que duas novidades estão fluindo: a influência decisiva das redes sociais composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que compartilham valores e objetivos comuns e se fortalecem em lideranças capazes de aglutinar pessoas em multidões em defesa de causas que os unem.

A outra novidade é que a Lava Jato abriu uma avenida para a construção de um Brasil que todos queremos, possível se todos, pressionados pelo senso de responsabilidade política que cobramos, nos conscientizarmos que é hora de abraçar a Lava Jato e começarmos a ser politicamente corresponsáveis na sua construção.