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Política Estudantil

Grupo ocupa UFMS em protesto e enfrenta movimento contrário de colegas

Estudantes dizem que não foram consultados e que souberam de movimento de ocupação por redes sociais

Um grupo de alunos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), que estiveram na ocupação da UEMS que teve fim no último dia 9, ocuparam o prédio da UFMS em Paranaíba na noite de ontem (14), véspera de feriado.

Em uma página criada no Facebook, o movimento “Ocupa UFMS”, diz que a ocupação da UFMS-CPAR segue o levante de ocupações iniciado pelos estudantes secundaristas em 2015, nos estados do Paraná e em São Paulo. Em síntese, o movimento seria contra a PEC 241, que agora tramita no senado como PEC 55 e institui um teto de gastos para o governo; mas também contra a reformulação do ensino médio, o movimento ‘Escola Sem Partido’ e a “exploração do capital”, segundo a nota divulgada.

Por outro lado, um grande número de estudantes se mostrou surpreso e revoltado com a ocupação. Muitos relatam que não houve assembléia, não houve nenhum tipo de negociação e ficaram sabendo da ocupação através das redes sociais.

Segundo alguns alunos, alguns integrantes do centro acadêmico do curso de administração foram convocados para uma reunião ontem (14), às 18h no prédio da universidade, porém, ao chegarem no local foram informados de que a universidade seria ocupada; vários alunos teriam desistido de permanecer no local.

De um total de mais de 500 alunos do campus, no máximo 40 estariam na ocupação e, desses ocupantes, grande parte seriam de alunos da UEMS vindos das ocupações encerradas daquele prédio, após ordem judicial expedida pelo Juiz de Direito, Dr. Cássio Roberto dos Santos, que acatou o pedido do Ministério Público para reintegração de posse das dependências da UEMS de Paranaíba. 

Rapidamente os estudantes contrários à ocupação se organizaram e criaram, também nas redes sociais, o movimento “Desocupa UFMS/CPAR JÁ”, que já prepara um pedido de intervenção do ministério público, segundo seus organizadores. “Nada, e nem ninguém tem o direito de tirar o meu e o seu direito de estudar, todos somos livres para protestar, porém temos que respeitar o direito do próximo, essa ocupação não nos representa. Vocês não nos consultaram, não ouviram ninguém, nos respeitem, deixem que tenhamos nossos direitos.”, diz uma das postagens do movimento que pede desocupação do campus”.

Há relatos de que ainda não existe um posicionamento oficial da instituição, mas, na rede social, na página do movimento ocupador, existe uma carta de um professor parabenizando os alunos que ocuparam o prédio. Por outro lado, alguns professores garantem que vão ministrar suas aulas normalmente amanhã (16), no retorno do feriado prolongado. A reportagem tentou entrar em contato com a universidade através de seus telefones, mas não foi atendida e nem houve retorno.

Manifestantes estariam sendo orientados a "tumultuar e atrapalhar" as aulas de professores que optem por seguir o calendário normalmente. Em uma nota de áudio obtida pela reportagem, uma aluna favorável a ocupação, diz: “…se os alunos chegarem lá, na quarta-feira, querendo ter aula, a gente não pode impedir eles de entrar…porque é público…a advogada já falou isso pra gente. A gente não pode impedir que professor de aula pra eles…mas a gente pode usar de meios, como panelaço, barulho, para atrapalhar…porquê é isso; o movimento quer incomodar; ele quer ser visto; quer ser reconhecido; entendeu? Nosso intuito é conseguir anular essa PEC. E como que a gente consegue? Incomodando o Estado. Fazendo ele olhar pra gente.”, diz uma estudante participante da ocupação.