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Perda

Dez anos sem Ramez Tebet

Há dez anos, Três Lagoas perdia sua principal liderança política

Há exatos dez anos, Três Lagoas perdia sua principal liderança política. No dia 17 de novembro de 2006, morria o então senador Ramez Tebet (PMDB-MS), vítima de câncer. Ramez ocupou um dos cargos mais importantes do país, como presidir o Senado entre 2001 e 2003 – única liderança três-lagoense a ocupar, até agora, o mais alto cargo no Senado.

Filho de Taufic Tebet e Angelina Jaime Tebet, vindo de uma tradicional família árabe-brasileira de Três Lagoas. Casado com Fairte Nassar Tebet, teve quatro filhos; Simone, Eduarda, e os gêmeos Rodrigo e Ramez

Formado em Direito pela Universidade de Direito do Rio de Janeiro, em 1959, Ramez Tebet foi promotor público em Três Lagoas no período de 1961 e 1964. Nos anos seguintes, dividiu-se entre a advocacia e o magistério.

Em 1975 foi nomeado prefeito de Três Lagoas. Até hoje, a cidade possui obras construídas em sua gestão, como o Ginásio Municipal de Esportes e o terminal rodoviário. Deixou o cargo ao ser empossado como secretário de Justiça de Mato Grosso do Sul.

No ano seguinte, tornou-se deputado estadual na primeira legislatura, da então recém-nascida Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Ramez participou da elaboração e foi o relator da primeira Constituição do Estado.

Deixou a Assembleia Legislativa para ocupar a vaga de vice-governador de Wilson Barbosa Martins (PMDB) na chapa que seria eleita para governar o Estado em sua primeira eleição direta para os governos estaduais desde a implantação da ditadura militar.

Em 14 de março de 1986, quando Wilson se afastou para concorrer ao Senado, Ramez assumiu o governo. Seu mandato se estendeu até 15 de março de 1987, quando deu a posse ao sucessor Marcelo Miranda (PMDB).

Entre 1987 e 1989 atuou como Superintendente de Desenvolvimento do Centro-Oeste, na Sudeco. Em 1994 foi eleito senador; depois, em 2001, nomeado ministro da Integração Nacional, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Permaneceu no cargo por apenas três meses para, então, assumir a presidência do Senado, cargo que ocupou até 1º de fevereiro de 2003, dando posse, inclusive, no dia 1º de janeiro do mesmo ano, ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

LÍDER

Defensor do municipalismo, apaixonado por Três Lagoas e Mato Grosso do Sul, Ramez foi a liderança política que mais lutou pela reativação da Sudeco, que tinha sido extinta no governo de Fernando Collor de Melo.

Ramez conseguiu notoriedade nacional pelo trabalho que desenvolveu no Senado. Na presidência da Casa, por exemplo, destacou-se na presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito – que investigou o Poder Judiciário – e do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Um dos casos investigados por Ramez foi o esquema de desvio de verbas da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Participou também da Reforma Tributária e foi o relator da nova Lei de Falências.

Além disso, foi uma das lideranças que mais lutou pela construção da ponte rodoviária sobre o rio Paraná, ligando Três Lagoas a Castilho (SP). Fazia questão de todos os anos de apresentar emendas destinando recursos para Mato Grosso do Sul, em especial para Três Lagoas. 

Também teve atuação importante na construção da ponte rodoferroviária, que liga Aparecida do Taboado (MS) e Rubinéia (SP), em parceria com outros políticos da época, como o também senador Vicente Vuolo (MT) e o deputado federal Roberto Rollemberg (SP).

Em 2002 foi reeleito com a maior votação já obtida por um político de Mato Grosso do Sul – mais de 730 mil votos. Nessa legislatura, participou de debates importantes da agenda política nacional, como  a da Reforma Tributária. Também foi o relator da nova Lei de Falências.

DOENÇA

Na década de 1980, curou-se de um câncer no esôfago. Em 2004 o câncer reapareceu e Ramez lutou contra ele até sua morte, dois anos depois.

Ramez foi uma liderança tão respeitada que seu funeral foi prestigiado por autoridades de todo o país. Entre elas, o então presidente Lula, o então deputado federal e atual presidente Michel Temer, entre outros senadores. Além disso, inúmeros três-lagoenses estiveram em seu velório que aconteceu no ginásio de esportes construído quando Ramez era prefeito.

Ramez conseguiu realizar o sonho de ver um dos filhos, no caso a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) ingressar na política. Ramez ajudou a elegê-la deputada estadual, em 2002, e depois prefeita de Três Lagoas, em 2004. Mas o sonho dele, segundo declarado inúmeras vezes por Simone Tebet, era vê-la senadora, posto que conseguiu ocupar na eleição de 2014.

HOMENAGEM
Na sessão desta quarta-feira (16), o deputado estadual Eduardo Rocha, casado com a senadora Simone Tebet, ocupou a tribuna na Assembleia Legislativa para relembrar a trajetória de Ramez  e sua contribuição para a história do Estado e do País. “Um grande político, uma pessoa que deixou um legado de ética, de respeito à população de Mato Grosso do Sul. Na última quinta-feira eu tive a honra de receber, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma comenda "in memorian" ao Senador Ramez Tebet.

A comenda é destinada a alunos que orgulham a instituição e lá tive o prazer de ouvir  depoimentos de ex-alunos que desde a época estudantil já admiravam a conduta do Senador”, destacou Eduardo, acrescentando  “Hoje andando pelo Estado encontro sempre pessoas de todas as classes sociais, que têm alguma história pra contar relacionada ao Senador, sempre com muita gratidão e respeito”, destacou.

LIVRO

O livro "Simplesmente Ramez Tebet", de Coaraci Castilho, coronel aposentado da Polícia Militar e secretário de gabinete de Ramez, é um dos registros mais profundos da vida política do senador. O lançamento ocorreu em 2007 ocorreu no centro de convenções Rubens Gil de Camilo,em Campo Grande.

Segundo Castilho o livro começou a ser escrito ainda quando Ramez estava vivo, sendo a biografia autorizada por ele. Segundo ele, a autoria também é atribuída ao próprio Ramez, que contribuiu na produção da obra desde quando idealizada, em 1987. O nome da obra é uma referência à simplicidade de Tebet, que sempre foi uma marca de sua personalidade.  

A obra, editada pela editora Life, tem quase 300 páginas, divididas em 13 capítulos.