Veículos de Comunicação

Opinião

Editorial: A UFN 3 e o medo de calote

Compromissos foram postergados, duplicatas vencidas e não pagas

A UFN 3 e o medo de calote

Quando foi anunciado que o Consórcio UFN-3 seria o responsável pela construção da fábrica de fertilizantes nitrogenados em Três Lagoas, considerando-se, ainda, o porte da obra empreitada pela toda poderosa Petrobras, acendeu para o empresariado local  a chama da euforia diante da perspectiva  de se contratar obras e serviços para serem executados dentro do canteiro de obras da Fafen. Apostaram suas fichas na robustez do empreendimento, certos de que se tratava de um excelente cliente pronto a cumprir suas avenças. Mas, está situação não resistiu por muito tempo. Compromissos foram postergados, duplicatas vencidas e não pagas se acumularam entre os fornecedores do Consórcio. A Petrobras sempre informou, inclusive, ao Jornal do Povo de que nada devia ao Consórcio, uma vez que os seus pagamentos estavam religiosamente em dia com os seus contratados. O fato é que gradativamente demissões foram sendo feitas e até que a execução da obra acabou sendo paralisada. E, por fim, o contrato rescindido com a Galvão Engenharia, uma das envolvidas na operação Lava Jato, que acabou por se tornar inidônea para continuar mantendo contrato com empresa de economia mista como é o caso da Petrobras, atora de um dos cenários mais deprimentes casos de corrupção da história brasileira. Notícias dão conta que um bilhão de reais ou mais foram desviados por conta da corrupção desenfreada que contaminou a empresa, que sempre foi um orgulho da nossa nacionalidade. Os empregados demitidos estão sendo pagos por conta de decisão judicial, que determinou preferencialmente o sequestro de dinheiro das empresas integrantes do Consórcio e, se este não fosse encontrado, como não foi, que  a Petrobras os pagasse. Assim foi e está sendo. Os empresários estão apreensivos, mas mobilizados no afã de receberem os seus créditos, os quais ultrapassam a casa dos 25 milhões de reais segundo levantamento realizado pela Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas. A prefeita da cidade está envidando seus esforços para ajudar o recebimento destes créditos, os quais se não forem pagos poderão agravar substancialmente a vida destes empresários, que apostaram todas as economias de suas empresas na execução dos serviços e obras para os quais foram contratados. Essa situação afeta a economia da cidade como um todo, já que seus efeitos alcançam o comércio local. Se não receberem vão promover mais demissões em suas empresas. Algumas correm o risco de encerrar suas atividades considerando-se o montante de seus recebíveis, sem contar que contraíram dívidas para executar seus contrato e previam pagá-las mediante o recebimento de seus haveres. O debacle pode ser muito maior do que se pensa. O medo do calote está latente. O fato é que os empresários que têm seus créditos para receber não podem ficar no prejuízo. A Petrobras é empresa devedora solidária e em tese, poderá ser acionada a responder por esse, além de ter de responder por perdas e danos. Ate porque não é crível que se locuplete com serviços e obras executadas na construção de sua fábrica, as quais não foram pagas. Caso não pague é iminente uma quebradeira que poderá ocorrer na cidade prejudicando gente empreendedora, que em hipótese alguma pode ser sacrificada. Cometerá uma infâmia se deixar estes micros e pequenos empreendedores, que aquecem a cadeia da atividade empresarial e laboral, ficarem a ver navios. É grande a expectativa pelo recebimento, chega a causar ansiedade. Nada mais querem do que receber e não se ouve de nenhum deles uma palavra contra a dona da obra – a Petrobras­– empresa que continuam acreditando. Todos querem trabalhar. Portanto, causa surpresa a Petrobras dizer aos empresários por seus representantes como disse, que nada tem haver com a dívida contraída pela Galvão Engenharia e a Sinopec, que também alega não ter dinheiro.  Na tarde de ontem reunidos com representantes do poder público municipal, com a ACI e representantes do Consórcio para avaliar o tamanho do rombo e traçar plano de pagamento destes créditos, disseram com todas as letras que não têm como pagar, que não têm dinheiro. E, surpreendentemente, os representantes da Petrobras disseram que a empresa de petróleo nada tem a haver com essa dívida, porque a conta não é dela> E mais, mesmo que quisesse pagar não tem dinheiro. A palavra de esperança esfumaçou-se diante da negativa da principal contratante – a Petrobras.  O  medo do calote aumenta, porque aos empresários resta mais uma ou duas cartadas de ordem política. Daí em diante, somente o judiciário para salvá-los, que poderá sequestrar mais dinheiro da Petrobras, ou, na pior das hipóteses, penhorar e mandar remover peças chaves dos equipamentos, inviabilizando os seus funcionamentos, até que ocorra o pagamento do que deve, porque à ninguém é permitido o enriquecimento sem causa. Por isso, é que muita gente da Petrobras está acoimada de corrupta.