*João Carlos Dirami Martins
Do ponto de vista turístico, a culinária é mercadoria e um atrativo de determinado lugar, pois inaugura caminhos que, ao longo do tempo e por meio da transmissão cultural, serão marcas de uma região ou de um povo, reconhecidos por suas comidas típicas, servidas em festas tradicionais ou perpetuadas como carro-chefe do cardápio a ser oferecido aos visitantes.
Por que cada comunidade ou região tem culturas gastronômicas tão distintas? Se pensarmos que a alimentação é algo primitivo, questão de sobrevivência, que possibilitou chegarmos aos dias de hoje, já seria um ótimo motivo, mas há ainda os níveis de prazer, alegria e integração social que a comida nos proporciona. Pode ser algo para relaxar, motivo de viagem e de celebrações, como a festa da linguiça, de Maracaju/MS, o churrasco de chão, de Tupi Paulista/SP, da festa do milho, de Jaci/SP, da festa do Carneiro, de Piraquara/PR, ou ainda o porco no rolete, de São Gabriel do Oeste/MS, entre outras festas gastronômicas.
A culinária evoluiu bastante durante a história humana, e o fator urbano, que foi moldando o habitat do ser humano, construiu uma nova cultura, cultivou novos costumes e integrações, passando a ter uma gastronomia voltada para tal cotidiano, embora nem sempre bem explorada.
Outro fator significativo, quando o assunto é gastronomia, diz respeito a tradições encontradas ao redor do mundo, como na Índia, que, por causas religiosas e culturais, incentiva e pratica a conservação da vida animal, deixando de consumir a carne de alguns animais domésticos, como a vaca. Outro exemplo é o da China, que, por falta de alguns suprimentos e dificuldade para produzir seu próprio alimento, em épocas passadas, introduziu em sua culinária pratos feitos com insetos, que são mais fáceis de criar, em quantidade muito superior e em tempo menor do que outros alimentos, como os advindos de plantas ou mesmo animais, suprindo a demanda da população.
Regiões próximas, que têm o clima semelhante, podem vir a desenvolver culturas gastronômicas parecidas, entretanto a culinária é apenas uma das formas de se caracterizarem os povos. Há ainda a arquitetura, crenças, danças, músicas, hábitos sociais, entre tantas outras diferenças, que fazem de nosso planeta um ambiente cheio de mistérios e curiosidades, e que, a cada ano, o número de turistas viajando pelo mundo aumente consideravelmente.
Além das demais formas de manifestação cultural, a gastronomia é algo que, sem dúvida, desperta desejo e curiosidade, tanto que, na maioria das vezes, não é considerado o valor nutricional das comidas, e sim seus traços religiosos, sociais e culturais.
A culinária está ligada diretamente ao prazer que o homem sente ao conhecer novas culturas, e a gastronomia local é uma maneira de angariar conhecimento, sem deixar de lado o prazer proporcionado pela ingestão de bons ou saborosos (ou mesmo exóticos) alimentos.
Com o avanço da tecnologia e da globalização, essas experiências são cada vez mais próximas e fáceis de realizar, sendo possível pesquisar e escolher onde visitar e o que experimentar.
Mesmo quando a gastronomia não é o fator principal para a realização de um turismo local, ela certamente é um atrativo e, como tal, muito importante para o mercado turístico, criando vários nichos para serem explorados por empresas do ramo ou curiosos da área, sendo assim: Bons Negócios e Bom Apetite!
