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Turismo, um setor inexplorado

Três Lagoas está prestes a completar seus 100 anos de emancipação político-administrativa

Três Lagoas está prestes a completar seus 100 anos de emancipação político-administrativa. Desde então, passou por ciclos de desenvolvimento que vão desde a pecuária, responsável pelo nascimento da cidade, à construção da ferrovia, da Usina de Jupiá e, mais recentemente, o da industrialização.

Com esses ciclos, diversos migrantes optaram por se instalar no município. A população flutuante também é alta, seja em períodos de construções de grandes empresas, quanto a trabalho. Tanto que a cidade viu nascer o turismo de negócios, em que restaurantes e hotéis ficam lotados nos dias úteis, mas vê sua freguesia praticamente desaparecer aos fins de semana e feriados prolongados.

Nessas datas, aqueles que vieram a negócios retornam para suas casas ou os três-lagoenses, em busca de uma agenda mais cheia, buscam lazer em outros municípios. O que é inadmissível para uma cidade que tem um potencial turístico – de lazer, não de negócio – praticamente inexplorado.

Três Lagoas é banhada por dois rios de extrema importância e beleza, os rios Paraná e o Sucuriú. Entretanto, há poucas opções de lazer para desfrutar essas belezas naturais. Hoje, a cidade conta com o Balneário Municipal Miguel Jorge Tabox e poucas pousadas, das quais se destaca a Pousada do Tucunaré – caso contrário, o jeito é conhecer alguém que tenha ranchos. Somente um evento ligado ao turismo aquático, que é o Torneio de Pesca Esportiva, promovido pela Associação Três-lagoense de Pesca Esportiva é realizado anualmente. Esse evento já mostrou, logo nas primeiras edições, que é possível atrair um bom número de turistas. No evento deste ano, o torneio contou com mais de 300 duplas inscritas, a maioria delas composta por pessoas de outros estados brasileiros. O evento foi suficiente para movimentar as redes de hotelaria, alimentícia e de serviços em um único fim de semana.

Muitos desses praticantes da pesca esportiva, quando viajam para torneios, levam toda a família. A pergunta que se faz é o a cidade oferece em troca a essas famílias. É comum, quando se chega a uma cidade nova, procurar por pontos turísticos. Em Três Lagoas, são muitos, porém mal conservados, quando não completamente abandonados.

A cidade, por exemplo, não oferece um único museu, projeto este que está em discussão há mais de dez anos e que era esperado para o centenário da cidade, mas, pelo que se viu até agora, não sairá neste ano.

Além disso, outro ponto turístico que merecia uma atenção especial é o bairro Jupiá, nas margens do rio Paraná. Naquela região, concentra-se dezenas de restaurantes e barzinhos, além de manter ali, parte da história do município. Em contrapartida, falta um projeto de revitalização completo para melhorar a aparência urbanística do local.

A cidade também não pode concentrar o seu turismo em apenas dois eventos anuais. Motoshow, o que mais traz divisas para o município, e o Torneio de Pesca. Cidades menores conseguem promover belos eventos culturais. E não precisa ir muito longe para conseguir exemplos. Aparecida do Taboado é reconhecida pelo seu rodeio. Por lá, o Torneio de Pesca também deu muito certo e a cidade conta com um santuário que atrai turistas da região.

Três Lagoas precisa fomentar mais eventos neste sentido. Para que a cidade deixe de ser apenas um ponto de encontro de negócios. Para que o turista, que veio a negócios, estenda a sua estada para o fim de semana.

Pensando nisso, o presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul,
Nelson Cintra, pretende fazer um diagnóstico completo dos potenciais turísticos da cidade e região, para elaborar um plano de descentralização do turismo estadual, hoje concentrados em Bonito e Corumbá. A ideia foi uma das bandeiras do governador Reinaldo Azambuja durante as eleições do ano passado.

Esse plano é de extrema importância para que Três Lagoas não veja se repetir o que aconteceu recentemente. No ano passado, com a paralisação das obras de construção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras, a rede hoteleira viu reduzir drasticamente a sua clientela. Muitos tiveram que fazer cortes de pessoal para manter-se abertos.