Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Juiz inimigo n° 1 de traficantes cumpre agenda em Três Lagoas

Juiz federal é conhecido nacionalmente pelas inúmeras condenações de traficantes de droga

Famoso por combater o crime organizado na cidade de Ponta Porã (MS), na região de fronteira com o Paraguai, o juiz federal Odilon de Oliveira cumpriu agenda ontem, 18, em Três Lagoas. Pela terceira vez em visita à cidade, Odilon ministrou três palestras com temas e públicos distintos. A ação tem como principal objetivo o combate às drogas e a redução de jovens inseridos na criminalidade.

Pela manhã, o juiz palestrou em um colégio particular para alunos do ensino médio, com o tema “Seu sucesso depende de você”. O enfoque, de acordo com Oliveira, era orientar os jovens para que eles alcancem o sucesso pessoal e profissional aliado à família e à educação. À tarde, a palestra “A família na edificação de um mundo melhor” ocorreu no centro Crase “Coração de Mãe” e visava criar ações que fortaleçam a família. Odilon encerrou a semana acadêmica do curso de Direito da faculdade Aems com uma palestra para 400 alunos, com o tema “Lavagem de dinheiro e crime organizado”.

Em entrevista ao Jornal do Povo, Odilon explicou que as palestras fazem parte de um projeto em Campo Grande e no interior do Estado, que visa à prevenção dos jovens quanto aos riscos das drogas, tanto como usuário, quanto como traficante. “As drogas são um fenômeno que vem assustando não só a família do dependente químico, mas também a sociedade como um todo”, disse.

O juiz, conhecido nacionalmente por ter condenado mais de 500 traficantes de drogas, entre eles Fernandinho Beira-Mar, recuperou, em oito anos, cerca de 250 imóveis urbanos, mais de 100 imóveis rurais, 20 aeronaves e quase mil veículos do crime organizado e hoje vive sob forte escolta de policiais federais. Com quase 30 anos de prática jurídica, Odilon atua também como um defensor da família no combate ao tráfico e no uso de drogas. Com o discurso de que qualquer pessoa necessita de uma base de sustentação para alcançar suas metas, o juiz crê que um tripé constitui a história de vida. “A família, a educação e a espiritualidade devem caminhar juntas da infância à vida adulta. É preciso que os pais conversem sobre drogas com os filhos e esse diálogo também tem que haver nas escolas para minimizar os índices de criminalidade”, explica.

Odilon acrescenta a importância que os pais têm no cumprimento do dever de educar e sustentar os filhos. “Os pais são professores naturais dos filhos. Têm que atuar como um artesão na hora de moldar o coração e o caráter do filho, orientando sempre o que é e o que não é certo”, arremata. Ressalta ainda que a família não pode agir de maneira isolada e que é papel da escola o acompanhamento social das crianças.

 

FRONTEIRAS

Odilon ganhou destaque na imprensa nacional graças às inúmeras condenações de traficantes que atuavam na região de fronteira entre Brasil e Paraguai e Brasil e Bolívia. Esse é, aliás, o principal motivo por levar a fama de “inimigo número um dos traficantes” e de andar sempre escoltado. Ao ser questionado sobre o intenso trabalho que realizou nessas áreas e sobre o quanto o país ainda deve evoluir para acabar com a entrada de drogas pelas fronteiras no estado de Mato Grosso do Sul, Odilon foi objetivo: “Mato Grosso do Sul está sendo cada vez mais o corredor mais forte de passagem de droga para o Brasil inteiro”. O Estado é porta de entrada de maconha, cocaína e craque e daqui é repassado para outras regiões do país e até exportado.

Assegurado pela Constituição Federal, a prevenção ao uso de drogas não é efetivamente cumprida no Brasil, conforme Odilon. “O país deixa muito a desejar não só na falta de programas ao combate de drogas. Deixa a desejar também na falta de leitos vagos para internação de dependentes químicos e também na reinserção social deste dependente e do ex-presidiário. Por isso, é mais fácil cumprir a primeira etapa: a prevenção”, arremata.