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Crise no setor têxtil chega a Três Lagoas e provoca 800 demissões

Entre março e esta semana, empresas fecharam postos de trabalho

A crise no setor têxtil provocou mais de 800 demissões em Três Lagoas nos últimos sete meses. De março até ontem, 852 homologações de desligamento do trabalho foram feitas pela Federação dos Trabalhadores na Indústria do Estado do Mato Grosso do Sul, na subsede instalada na cidade. Apenas ontem houve 60 homologações de trabalhadores demitidos da indústria Fatex. Outras 22 estão previstas para os próximos dias.

O número de demissões, no entanto, pode ser maior, já que essas homologações são de trabalhadores que estavam há mais de um ano nessas indústrias. Funcionários com menos tempo de serviço fazem a homologação na própria empresa, quando demitidos.

A demissão em massa é resultado de paralisação ou de redução do ritmo de produção das fábricas. Segundo a representante da federação, Marisol Pires Barbosa, a alegação das empresas é de elevação de estoque nas indústrias devido à queda nas vendas. “Todo ano, geralmente as empresas demitem em maio, mas voltam a contratar em agosto. Neste ano, em razão desta crise que afetou todo o Brasil, elas não estão contratando, e sim demitindo”, salientou.

As homologações são de trabalhadores das empresas Fatex, Cortex, Adar, Avant, Fibrasil, Comask, Emplal (embalagens), Oliveira e Lopes. Segundo informações apuradas pela reportagem, a Fatex paralisou a produção e manteve um quadro reduzido de funcionários. Procurada, a empresa não quis se pronunciar.

Conforme Marisol Barbosa, as empresas estão cumprindo os acordos e pagando os trabalhadores, que têm o prazo de dez dias para receber verbas rescisórias. Ela informou que o trabalho da federação é conferir os cálculos e esclarecer dúvidas.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Luciano Dutra, disse não ter conhecimento das demissões, mas que marcaria uma visita às indústrias.

Segundo a Sondagem Industrial, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a atividade na indústria manteve a trajetória de queda em agosto. O índice de evolução da produção atingiu 42,7 pontos ante 44 pontos registrados em julho. Já a utilização da capacidade instalada se manteve estável em 66%, contrariando a tendência de crescimento da atividade usual nesta época para atender às vendas de fim de ano. O índice de evolução da produção varia entre 0 a 100 pontos. Valores abaixo de 50 pontos indicam retração e, quanto mais abaixo dessa pontuação, mais disseminada é a queda na produção.

Ainda de acordo com a CNI, a retração da atividade industrial intensificou o pessimismo dos empresários. Com exceção das expectativas para as exportações, que são de estabilidade na quantidade exportada, com 50,2 pontos, as perspectivas para os próximos seis meses são de redução da demanda, do número de empregados e da compra de matéria-prima.