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Três Lagoas

Mãe de autista lança seminário de palestras

Ação visa romper preconceitos e informar mais a sociedade sobre a síndrome

Com objetivo de romper rótulos e preconceito sobre a doença de autismo em crianças é que a três-lagoense Solange Yuri decidiu se mobilizar para promover um encontro entre profissionais da saúde, familiares de portadores da doença e a comunidade. Solange é mãe de Gabriela, uma criança de 8 anos, autista desde o primeiro ano de vida. 

A iniciativa surgiu porque, segundo ela, a maioria das pessoas sabe pouco sobre a doença e não entende alguns comportamentos de um autista. 

“Tornar público este tipo de informação é necessário em nossa cidade. É preciso quebrar alguns estigmas para que a população seja mais aberta a estabelecer relacionamentos com estas pessoas”, afirma Solange.

As palestras serão realizadas amanhã, a partir das 14h, na Câmara de Três Lagoas. Todas as 240 vagas disponibilizadas ao público foram preenchidas, segundo Solange Yuri. Entre as pessoas que devem participar não há somente pais de crianças autistas – como seria considerado “normal” para o tema -, mas também professores, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e alunos do curso de Pedagogia.

PROGRAMAÇÃO

A primeira palestra programada terá como tema “Transtorno do Espectro Autista (TEA) e inclusão social e escolar” e será ministrada por Anita Brito, professora, tradutora e escritora dos livros “Meu filho era autista” e “Um livro diferente”. A especialista é mãe de Nicolas, 16 anos, estudante e autista, e percorre cidades do país para dar palestras sobre como é o dia a dia de um autista.

No livro, Anita conta como foi possível “integrar” o filho ao “mundo dos normais” sem causar choques. “Um dia, acordei mãe de um autista, e, sem medo de enfrentar o desconhecido, acreditei que o traria de volta. Nicolas é autista, continua autista, pois autismo não tem cura. Mas tem qualidade de vida e conseguiu provar que “tudo só é 100% possível, se você tentar 100%!”, disse em sua conta pessoal no Facebook.

Na sequência da programação de amanhã haverá a palestra “TEA e diagnóstico precoce”, que será ministrada pela psiquiatra Carolina Trevizan, especializada em atendimento da síndrome.

O que todos precisam saber mais sobre a enfermidade

O autismo é um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social. No caso de Gabriela, a doença surgiu ainda com um ano de idade. 

O tratamento é feito em sessões de fonoaudiologia, psicologia, psiquiatria, musicoterapia e danças, além, do acompanhamento médico. 

As causas da doença ainda são desconhecidas, mas estudos apontam que há uma combinação de fatores que levam ao autismo. De acordo com a Associação Médica Americana, a chance de uma criança desenvolver autismo por causa da herança genética é de 50%. A outra metade dos casos pode corresponder a fatores externos, como o ambiente de criação.

Uma estimativa divulgada pela Associação de Amigos do Autista (Ama) é que, das cerca de 1 milhão de pessoas no país diagnosticadas em 2014 com autismo, apenas 100 mil recebam algum tipo de atendimento. 

“É importante que pediatras percebam e se interessem pela causa. O grande problema é que, feito o diagnóstico, a família fica sem saber para onde ir”, explicou a superintendente da Ama, Ana Maria de Mello.

O Ministério da Saúde mantém convênio com prefeituras para o funcionamento do Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), dedicado ao tema.

Em Três Lagoas, o diagnóstico é feito na Apae (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais), na rua Generoso Siqueira, número 798, no centro.