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CARTA DO LEITOR

Aumento do número de casos de Coqueluche tem característica mundial

Foi com enorme satisfação que percebi a nota na edição do dia 05 de novembro com o título “Saúde de Três Lagoas inclui mais uma vacina para gestante”.

Permita-me aqui alertar sobre a situação da Coqueluche no Brasil. Segundo números registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), foram notificados, até a última semana epidemiológica (SE 52) de 2012, 15.428 casos suspeitos de Coqueluche no país. Um fato preocupante é o numero de óbitos que atingiu um total de 74, sendo que quase a totalidade deles em lactentes com idade inferior a seis meses. O coeficiente de incidência para menores de um ano atingiu 105,9 por 100.00 e o de letalidade nessa faixa de idade 2,68 por 100.000.

O problema do aumento do número de casos de Coqueluche tem características mundiais, não é exclusividade do Brasil. Entretanto, a taxa brasileira de letalidade é alarmante. Além disso, devemos recordar que esse quadro no lactente jovem é bastante grave e devemos estar vigilantes para a prevenção de mortes até que outras medidas preventivas possam ser realizadas.

Em relação a uma doença imunoprevenível como essa, as coberturas de vacinas com o componente pertussis aumentaram substancialmente nas duas últimas décadas, superando 80%, em 2009; entretanto, a Coqueluche persiste como importante problema de saúde pública, ocorrendo na forma endêmica e epidêmica, mesmo nos países em que as coberturas vacinais no primeiro ano de vida são superiores a 95%.

Sabemos que a infecção e a imunização não levam à imunidade permanente. A ausência de reforços imunitários leva a um aumento de casos na idade da adolescência e adultos jovens. Esse grupo apresenta doença com poucos sintomas e passa a ser responsável pela disseminação da doença para a população mais suscetível, que são os lactentes jovens. Outro fator importante para o aumento da doença nos lactentes jovens é a menor transmissão de anticorpos por via transplacentária, em decorrência da queda dos níveis de anticorpos na população de adultos jovens.

Diante da situação exposta, como pediatria, reitero que estamos presenciando inúmeros casos de Coqueluche em nossa cidade, inclusive em lactentes; e, em decorrência desses fatos, a vacinação de gestantes é primordial, como conduta profilática para diminuir o número de casos, e agora, finalmente o Ministério da Saúde coloca a disposição às gestantes a Vacina Tríplice Acelular Tipo Adulto, preferencialmente após a 20ª semana de gestação: e um alerta que se deve considerar efetivamente cada gravidez como fator para a refacção da vacina e desconsiderar absolutamente o fato de proteção de 10 anos da vacina.

Fica aqui a minha manifestação no que concerne à ocorrência da Coqueluche e sua prevenção, na convicção de que depende de cada um de todos nós nos mobilizarmos diante dessa importante questão de saúde pública.

Cordialmente,

José Augusto Morila Guerra

– CRM (MS) 0242 – Pediatra