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Três Lagoas

Esconder alguns alimentos na comida. Será que tudo bem?

Entenda como é possível esconder vegetais nas refeições do seu filho

Cozinhar beterraba no feijão, misturar brócolis picadinho no arroz, fazer bolo de cenoura… São alguns exemplos dos macetes a que as mães recorrem para conseguir que seus filhos consumam esses alimentos. É bem verdade que muitas crianças são extremamente resistentes a aceitar verduras, legumes, frutas e até cereais que sejam diferentes de arroz e feijão. Então, com o intuito de facilitar a vida e assegurar que todos os nutrientes sejam ingeridos, muitas vezes a camuflagem é mesmo a saída. Entretanto, trata-se de uma faca de dois gumes. Veja por que e saiba como e quando utilizá-la.

O lado negativo da camuflagem

Vamos combinar que educar dá trabalho. Educação alimentar é parte dessa missão e pode ser bem cansativa também. Se nos acomodamos – porque insistir em oferecer o mesmo alimento mil vezes, com preparos variados, é de fato desgastante -, corremos o risco de não ensinar essa lição corretamente. Um exemplo: quando a criança aprende a comer espinafre apenas no omelete e nunca preparado de outra maneira, não adquire o gosto por essa folha. Ela apenas aprecia um preparado de ovos que atenua o sabor da verdura. “Disfarçar de vez em quando pode ser uma opção, mas acredito no diálogo com a criança, pois, quando tiver autonomia para escolher seu próprio alimento, ela não comerá aquilo”, diz Viviane do Lago Nakazato, nutricionista especialista em adolescência pela Unifesp, de São Paulo. Segundo Viviane, os pais, ansiosos, elevam sua expectativa a um nível irreal. “Às vezes, querem que a criança coma uma grande salada, quando uma folha de alface e duas rodelas de tomate já seriam suficientes”, alerta a nutricionista.

Disfarçar também é diversificar

Nada de radicalismos, entretanto. Afinal, misturar alimentos em preparações que resultam em um deles menos evidente do que os demais não é nenhum crime. E pode ser muito nutritivo! “Para garantir bons hábitos alimentares, deve-se diversificar os alimentos, as formas de preparo e a apresentação das refeições a fim de estimular o aspecto sensorial da alimentação”, diz a nutricionista Solony Godefroy, de São Paulo. Seu filho não curte abobrinha refogada, mas talvez adore um suflê que leve esse legume como ingrediente. É importante, porém, que ele seja informado, que ali tem abobrinha. Senão, a aprendizagem fica incompleta. “A criança deve saber o que está comendo, mesmo que seja em suflês, tortas, sopas etc. A omissão ou a mentira pode fazer com que ela fique descrente dos pais e rejeite com mais facilidade as próximas refeições”, completa Solony.

Honestidade sempre

Talvez você não consiga contar de antemão que na massa daquela panqueca rosa e apetitosa há beterraba. Pode ser que seu filho nem mesmo prove o prato após essa revelação. Mas, depois de experimentar, é importante contar a verdade, com bastante jeito. “Os pais precisam conhecer o perfil da criança e lidar com a situação para que ela não se sinta traída, ou tenha ideia de mentira ou punição”, opina Viviane. Nunca diga, por exemplo, algo assim: “Está vendo, você comeu beterraba e nem percebeu!”. Palavras como essas só farão a criança se sentir passada para trás e desenvolver ainda mais repulsa por certos alimentos.

Ideias criativas

Veja algumas maneiras bem sacadas de preparar os alimentos rejeitados pelas crianças:

– Cozinhe beterraba, cenoura, espinafre e outros vegetais no feijão e no arroz. Dessa maneira, esses dois pratos do dia a dia ficam ainda mais nutritivos. No caso do arroz, dependendo do vegetal, ele ficará tingido de outra cor, o que pode ser uma grande diversão!

– Acrescente legumes picadinhos ao arroz e use um pote pequeno para enformá-lo. Vire o conteúdo em um canto do prato para que fique um montinho. Brinque com a criança dizendo que o montinho é um castelo encantado ou uma nave colorida.

– Incremente o cardápio diário com panquecas e tortas que levem vegetais na massa e no recheio.

– Prepare purês, suflês, omeletes e fritadas com legumes e verduras.

– Empane legumes laminados ou em rodelas em uma massa de ovo, farinha, leite e sal e leve ao forno.

– Misture frutas na gelatina, em bolos e doces. Use esse recurso com parcimônia, afinal, a ingestão de açúcar e gordura deve ser controlada.

– Faça picolés caseiros nutritivos. Basta preparar um suco natural (laranja com cenoura ou abacaxi com beterraba, por exemplo), acrescentar frutas picadinhas e levar ao congelador em fôrmas próprias para esta finalidade.