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Opinião

Vamos perder de novo o bonde da história

Três Lagoas é uma cidade quase secular e no Brasil, sil, sil, tratamos as coisas velhas sempre do mesmo jeito: com desprezo. Assim é com os canteiros centrais das avenidas que se converteram em estacionamento, com os prédios antigos que foram quase todos dizimados, com os prédios da mais antiga ferrovia do sudeste a Noroeste do Brasil que está ruindo. Não se pode chamar isso de coisas velhas, mas de coisas antigas que compuseram o passado histórico de nossa gente. Hoje vamos assassinar mais uma vez o passado e rasgar o dificultoso dinheiro público ao não aproveitar os trilhos que estão passando de ponta a ponta da cidade. Do Jupiá a Bairro Imperial, passando pela Vila Piloto, Jardim Brasília, Primaveril, centro, Santa Luzia, Vila Verde, etc., existe um trilho passando por eles. Pois é. Enquanto nossas cidades vão tumultuando de carros estacionados em todos os locais, já não comportando mais tantos carros pelas ruas, estamos desprezando o velho e bom trilho. Digo isso porque em Fortaleza, Maceió, em Veneza, em Cuiabá, no Rio e São Paulo existem ou devam existir os atualíssimos trens de superfície também conhecido como Veículo Leve Sobre Trilhos ou VLT, que é um trem único, bonito, envidraçado, silencioso, limpo, moderno, etc., que caminha sobre trilhos, apanhando passageiros em suas pequenas estações. Ele não vai atrapalhar o trânsito como é o grandalhão utilizado hoje. Ele  facilita muito o transporte de pessoas. Se a gente pensar que os bairros periféricos estão crescendo cada vez mais, com grandes loteamentos que provocarão adensamento populacional, é certo que o Município deveria pensar seriamente antes da retirada dos trilhos da cidade. E não é só, no momento em que cidades como Cuiabá e outras pretendem utilizar desse meio de transporte nós estamos somente admitindo o transporte privado e não temos mais ruas para alargar. E não é só. O VLT pode pacificamente conviver com ajardinamento das marginais por onde trafega, pistas de pedestrianismo, calçadões, aparelhos de ginástica, visto que sua velocidade é bastante baixa e possui tamanho menos invasor que os outros, sem dizer que o VLT pode ainda ser controlado somente por computador e financiado pelo Cofiex do Banco Central brasileiro. Será que estamos com essa bola toda para jogar dinheiro fora e destruir mais uma parte exultante do passado recente de nossa cidade?

* Antonio Carlos Garcia de Oliveira é  Promotor do Meio Ambiente e Urbanismo