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Segurança em condomínios

O empresário Djalma Brugnara Veloso deveria, por determinação judicial, manter-se afastado de sua ex-esposa, a procuradora federal Ana Alice Moreira Melo. Apesar dessa e de outras medidas restritivas, Veloso, no início de fevereiro, conseguiu entrar na residência da família, localizada em um condomínio da Grande Belo Horizonte, e assassinar a ex-mulher. No dia seguinte, foi encontrado morto em um motel da região – ao que tudo indica, vítima de suicídio.

O fato, que ganhou visibilidade nacional, é mais um retrato dos inúmeros crimes passionais que ocorrem pelo País. Mas, chama a atenção, neste caso, o lugar onde o assassinato ocorreu – um condomínio de alto padrão, o tipo de local onde os moradores esperam maior segurança.

Cabe, então, ressaltar que quem mora em condomínio não está livre de furtos, roubos, atropelamentos ou tráfico de entorpecentes. Porém, há medidas que podem aumentar de forma real o nível de segurança dos condôminos, transformando a tão falada “sensação de segurança” em uma questão prática e mensurável.

Medidas de proteção aos moradores devem ser executadas a partir de um planejamento que leve em consideração as características de cada empreendimento. A despeito das particularidades, algumas dessas medidas são comuns a todos os condomínios, como prospectar, selecionar, contratar, capacitar, supervisionar e reciclar periodicamente os prestadores de serviços, mantendo-os motivados e bem informados sobre os mais modernos procedimentos de trabalho que privilegiam a segurança, sem deixar de lado a cortesia no trato com as pessoas.

É igualmente importante que os condomínios adotem normas claras, objetivas e bem redigidas de controle de acesso, compatíveis com o local e que realmente façam a diferença. Não pode ser um manual complexo, extenso, com texto confuso. Se as regras não forem objetivas e claras, ninguém as lerá, e muito menos, as respeitará. Uma boa comunicação interna se faz necessária para divulgar a contento essas informações.

Possuir um bom software de controle de acesso de pessoas e veículos também é algo eficaz para a segurança dos condôminos. Neste caso, não é necessário ter mil e um campos para preencher ou visualizar fotos tridimensionais. Basta acompanhar um bom contrato de suporte on-line, com calendário de manutenção preventiva e condições para atendimento emergencial, extensivo às câmeras de segurança e demais equipamentos eletrônicos já adotados pelo condomínio.

Outro item que pode fazer a diferença é o sistema de alarme tipo ‘pânico’. O ideal é que ele seja implantado na guarita e em cada moradia, interligado a uma central de monitoramento remoto, capaz de identificar de onde vem o pedido de socorro, ajudando o vigilante ou o porteiro a tomar as providências necessárias com rapidez: pode ser um acidente envolvendo crianças e idosos, um princípio de incêndio, uma invasão por estranho ou até mesmo uma discussão mais acalorada entre vizinhos. Em todos os casos, quanto mais cedo houver uma intervenção, melhor.

A segurança nos condomínios também depende, e muito, dos próprios moradores; por isso, é essencial dar o exemplo e não deixar que as medidas de proteção fiquem somente sob incumbência dos prestadores de serviços. É preciso deixar o ‘jeitinho’ de lado e seguir as normas. Assim, não vale repreender funcionários que causem algum ‘transtorno’, justamente por cumprirem as normas de segurança; se for o caso, revise a norma em vez de desautorizar o funcionário. Cada residência deve, ainda, cuidar de sua própria segurança, mantendo os cuidados preventivos cabíveis, que muitas vezes são deixados de lado porque o morador sente-se envolto em segurança simplesmente por morar num condomínio.

Regras claras, condôminos obedientes, recursos tecnológicos e funcionários bem treinados fazem a diferença. Vale ressaltar o valor da boa comunicação entre residentes e funcionários, especialmente em casos diferenciados, como o do referido casal de Belo Horizonte. Porém, infelizmente, muita gente ainda acredita que segurança em condomínio se restringe a morar em um lugar com muros altos e ter um porteiro para chamar de seu – conceito que tem que ser abolido.
 
*Erasmo Prioste é graduado em engenharia, especialista em segurança de patrimônio e diretor comercial do Grupo Segurança/ Security Vigilância Patrimonial.