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Políticas públicas, sim! Politicagem não!

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em recente entrevista, diz que seu papel é elevar o PIB, mas começam a aparecer as primeiras contradições, que demonstram fragilidade da presidente Dilma Rousseff, quando diz que não teremos problemas com a crise internacional. Como medidas para evitar os impactos externos, o governo estimula o consumo na economia interna, concedendo benefícios como a redução temporária do IPI para alguns segmentos e incentivos aos automóveis e queda de juros nos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), além do aperto nos bancos Privados.

A receita de bolo pode não dar resultados, já que vários países vêm apresentando problemas crônicos e poderemos ter também as mesmas dificuldades se o governo pensar em brincar de política e não tomar atitudes estruturais e menos conservadoras. Foi confirmado pelo Boletim Focus do Banco Central que o PIB de 2012 deverá ter crescimento em torno de 2,99%. É a primeira vez que é estima este ano expansão abaixo de 3%. O mercado já trabalho com algo próximo de 2,72%. A perspectiva otimista do governo poderá não se efetivar conforme as premissas por ele preestabelecidas, focadas na manutenção dos empregos e da arrecadação tributária. A meta central de inflação de 4,5% também está sendo vencida, ante a perspectiva de IPCA de 5,6%. Contudo, o governo ainda insiste que está dentro da margem de 2% para cima ou para baixo, ou seja de 2,5% a 6,5%.

O governo também não parece preocupado com o risco de conceder crédito a pessoas que já se encontram em dificuldade. Esses mecanismos financeiros poderiam ser utilizados para redução de suas dívidas, mas Brasília quer ver a população consumir sem limites. Isso poderá gerar uma bolha de crédito sem precedentes e com um problemas muito mais sérios decorrentes dos riscos inerentes ao não pagamento, gerando inadimplência e colocando em dúvida o plano de enfrentamento da crise mundial.

Estamos às portas das eleições municipais e em plena corrida pelo calendário da Copa do Mundo de 2014. Não se percebem investimentos em infraestrutura e logística em benefício das indústrias no País, com redução efetiva do impacto tributário e efetivo estímulo à produção. O que se vê é o governo dando tiros para todos os lados e beneficiando sempre os mesmos, principalmente as montadoras e instituições financeiras. Qualquer outro mecanismo de estimulo ou é temporário, como no caso do IPI e IOF, ou de aumento indireto da carga tributária, como no caso da substituição do INSS Patronal de 20% por uma alíquota fixa sobre o Faturamento. Está na hora do governo acordar e fazer política e nãopoliticagem.

*Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da FASM (Faculdade Santa Marcelina).