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Desvalorização do dólar é transitória, diz Mantega

No ano passado, o governo elevou para 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa

A desvalorização do dólar é transitória e se deve à recuperação da economia dos Estados Unidos, disse hoje (4) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Embora não tenha anunciado medidas para conter a queda da moeda norte-americana, ele afirmou que o governo está preparado para agir.

“Esse movimento [de queda do dólar] não vai continuar. Mesmo porque, se persistir, o governo vai tomar medidas para impedir que valorização do real prossiga”, afirmou Mantega. Nas últimas duas semanas, o dólar está abaixo de R$ 1,70, nível que se manteve ao longo de quase todo o ano passado.

Na avaliação do ministro, a recuperação mais rápida que o previsto da economia norte-americana incentiva os investidores internacionais a aplicarem nas economias emergentes, trazendo recursos para o país. No médio e longo prazo, no entanto, o dólar tende a subir com o crescimento dos Estados Unidos. "Se, de fato, a economia americana ganhar peso, o governo americano poderá reduzir a emissão de dólares e até começar a subir juros. Mas isso mais adiante. Até que isso aconteça, o movimento será de desvalorização do dólar."

No ano passado, o governo elevou para 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa. Mantega admitiu que a equipe econômica pode anunciar outros tipos de medidas, como a administração da entrada de capitais estrangeiros.

O ministro ressaltou ainda que o Brasil está autorizado pelo G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) a administrar diversos tipos de medidas de intervenção direta no câmbio. “Existem várias medidas, além do IOF. Podemos administrar ingresso de capitais, inclusive conseguimos incluir no documento do G-20 a autorização para fazer isso.”

Segundo Mantega, o reforço do ajuste fiscal prometido para este ano ajudará a minimizar os efeitos da queda do dólar. Isso porque a contenção dos gastos reduz a demanda econômica e abre espaço para a redução da inflação e dos juros. “O ajuste fiscal ajudará a política inflacionária do Banco Central, de modo a reduzir juros no país para atrair menos capitais externos. O governo está atento a essa questão. Não permitiremos que dólar derreta.”

O valor do contingenciamento [bloqueio] dos recursos do orçamento de 2011, afirmou o ministro, ainda não está definido. De acordo com Mantega, o governo está estudando minuciosamente as despesas de cada ministério para evitar o corte linear dos gastos (cortes iguais para todas as pastas). “O corte linear não é racional. É melhor olhar para cada ministério e reduzir despesas sem prejudicar as ações principais, vendo o que pode ser reduzido em custeio e postergando projetos não prioritários.”