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Sindicatos negociam mínimo de R$ 580 com ministros

O governo fala em dar somente mais R$ 5 de ajuste na renda básica, de R$ 540 para R$ 545

Representantes das principais centrais sindicais do país devem se reunir nesta sexta-feira (4) com ministros para pedir o aumento real do salário mínimo neste ano. A ideia é convencer Gilberto Carvalho (Secretaria-geral da Presidência da República), Guido Mantega (Fazenda) e Carlos Lupi (Trabalho e Emprego) a aumentarem o mínimo em mais R$ 40, para R$ 580. Desde o dia 1º de janeiro de 2011, o valor do salário passou de R$ 510 para R$ 540.

O governo fala em dar somente mais R$ 5 de ajuste na renda básica, de R$ 540 para R$ 545. Segundo as contas feitas pelo Palácio do Planalto, cada real de aumento significaria acréscimo superior a R$ 280 milhões no orçamento do governo.

Deverão participar do encontro, em São Paulo, representantes da Força Sindical, da CUT (Central Única dos Trabalhadores), da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), da UGT (União Geral dos Trabalhadores) e da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores).

O reajuste do salário mínimo neste ano é uma das principais polêmicas das contas do governo. Isso porque a atual política de valorização do mínimo considera a inflação do período e o crescimento da economia para dar aumentos aos trabalhadores.

Funciona assim: em 2011, o mínimo deveria ser reajustado pela inflação oficial do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2010 e pelo desempenho do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no país) de 2009. Essa regra ficaria em vigor de 2007, quando foi criada, até 2023.

Mas 2009 foi o ano da crise, o PIB ficou negativo, e, considerando a política de reajuste do mínimo em vigor, os salários não deveriam ter quase nenhum aumento. É justamente o que o governo propõe.

Os ministros de Dilma Roussef dizem que o avanço da economia de 2010 – o ano da recuperação – faria com que os salários tivessem um forte avanço. Mas esse reajuste só seria debatido no ano que vem, enquanto os trabalhadores continuariam a ver o preço dos alimentos subir neste ano sem que sua renda acompanhe esse aumento.

Para as centrais, muitas categorias profissionais obtiveram aumentos acima da inflação, como consequência da recuperação da economia no ano passado, com crescimento superior a 7%. Um reajuste na contramão dessa tendência diminuiria o valor do mínimo.

É o caso, inclusive, dos próprios parlamentares que deverão votar o reajuste do mínimo em questão: a categoria viu os seus vencimentos aumentarem 60% neste ano, de R$ 16.512 para R$ 26.713. Essa porcentagem supera, em muito, a somatória da inflação do ano passado e o resultado do PIB de 2009.
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