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Exportação de açúcar da UE já enfrenta forte resistência

O preço do açúcar voltou a testar seu mais elevado patamar em 29 anos

Brasil, Austrália e Tailândia uniram forças ontem para ameaçar a União Europeia por causa da decisao de Bruxelas de colocar 500 mil toneladas adicionais de açúcar no mercado internacional, revelada pelo Valor na quinta-feira. Em entrevista em Genebra, representantes dos três países produtores qualificaram a medida da UE de violação dos compromissos europeus na Organização Mundial do Comércio (OMC). Eles "não descartam nenhuma ação" contra isso – ou seja, deixam aberta a possibilidade de denunciar Bruxelas na OMC, ainda que hoje não exista nada além de uma possibilidade.

Também ontem, o preço do açúcar voltou a testar seu mais elevado patamar em 29 anos. Sudakshina Unnikrishnan, analista do Barclays Capital em Londres não acredita que as 500 mil toneladas da UE terão maior impacto no mercado (ver acima). Mas Brasil, Austrália e Tailândia temem os efeitos de a UE usar um argumento conjuntural (alta de preços) para esconder seu problema estrutural e continuar exportando com subsídios além dos permitidos.

Eles reclamam que a UE elevará suas exportações extracota para 1,85 milhão de toneladas em 2009/10, 576,5 mil toneladas o teto de 1,273 milhão que a UE se comprometeu a respeitar. Os três países produtores querem frear desde já o lobby de uma área em franca decadência para jogar no mercado toneladas de açúcar excedente de safras passadas, turbinadas por subsídios. O preço de referência europeu é de US$ 400 a tonelada, ante preço internacional atual de cerca de US$ 580. Isso dificulta reclamações sobre subsídios à exportação. Em todo caso, a abertura de um conflito na OMC depende de o setor privado pagar a fatura. A UE diz que exportar tudo até julho.