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"El País": Com Serra ou Dilma, "Lula vencerá" eleições de 2010

Em artigo de opinião, correspondente do jornal avalia que qualquer candidato vencedor "seguirá caminho" de Lula

Um artigo no diário espanhol "El País" avalia que, qualquer que seja o vencedor das eleições de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairá, simbolicamente, vencedor no pleito.

A análise, assinada pelo correspondente do jornal no Brasil, Juan Árias, discorre sobre os dois principais pré-candidatos na disputa – a petista Dilma Rousseff, candidata do Planalto, e o tucano José Serra, da oposição – afirmando que ambos, se eleitos, "seguirão o caminho" de Lula.

"A partir do próximo dia 1º de janeiro, o Brasil será um Brasil sem Lula. O que acontecerá? Nada", diz o repórter.

"Continuará sendo um país com instituições democráticas consolidadas, que não apenas conseguiu sair, sem se quebrar, da crise mundial, mas que está crescendo; um país sem possibilidades de golpe de nenhum tipo e que, apesar de alguns rompantes populistas em alguns momentos – sobretudo pela influência do chavismo – não se deixou arrastar pelo populismo da vez na América Latina."

Juan Árias aposta que a disputa presidencial deste ano será disputada. De um lado está Dilma, "uma espécie de sombra" de Lula, diz o analista. "Se ela vencer, as eleições seriam na verdade um terceiro mandato de Lula e garantiriam a continuidade de um certo lulismo."

Porém, diz o texto, "Dilma não é Lula". "É quase um anti-Lula porque, mais que uma iluminada e uma improvisadora como ele, é uma gestora, que carece do carisma transbordante de seu chefe", descreve.

Já Serra "suporia a alternância normal, interrompendo de alguma forma a continuidade do PT no poder", avalia Árias.

Mas o autor acredita que o tucano não é um "anti-Lula" e que, portanto, a escolha entre sua política e a política atual é "um falso dilema". "Com Serra, o Brasil seria um país sem Lula, mas ainda com Lula, no sentido de que o governador paulista não nega nenhuma das conquistas sociais de seu governo."

Na opinião do correspondente, a campanha de Serra não seria "contra Lula", mas "depois de Lula". "Para Serra, seu governo não seria uma fotocópia do passado social-democrata, mas uma página nova."

Na avaliação do correspondente do "El País", "sem Lula agora, e talvez com Lula amanhã de novo, o Brasil é um país que tomou o trem na direção certa, que o levará a consolidar o milagre de seu desenvolvimento".