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Água com lítio pode evitar suicídio, diz estudo

Estudo japonês encontra relação entre consumo de água com o íon e a queda na taxa de suicídio

Que água faz bem à vida, você já sabia – mas que ela pode fazer isso inibindo o suicídio aposto que não imaginava. O Neuropsiquiatra Takeshi Terao e um time de pesquisadores perceberam que comunidades em Oita, no Japão, que ingeriam água com um nível naturalmente maior de lítio ( de 0,7 a 59 microgramas) apresentavam menos suicídios. Ao todo, foram estudados 18 municípios de 2002 a 2006. Apesar de não sugerir que uma política pública seja adotada, como aconteceu com o flúor, que foi adicionado à água para evitar cáries, Terao sugere que ingerir pequenas doses do íon pode ter um efeito protetor cumulativo contra os transtornos de humor.

Mas não vá sair por aí tomando lítio, porque a “descoberta” não é unanimidade no mundo da ciência. Segundo Geraldo Possendoro, professor da atualização profissional em medicina comportamental da Unifesp, o cientista não tem como relacionar diretamente o consumo de água com mais lítio à queda do suicídio. Isso porque, além de existirem fatores de risco para o suicídio que não foram considerados, como presença de patologias psiquiátricas, uso de drogas, doenças crônicas e inúmeros outros, não é possível controlar a quantidade de lítio que essas pessoas estarão ingerindo. O lítio, na forma de carbonato de lítio, é usado com grande eficácia para o tratamento do transtorno bipolar. Segundo o professor, sua utilização segue protocolos internacionais e a margem de segurança é medida em micro-equivalências, uma unidade muito menor do que a micrograma citada no estudo.

O cuidado extremo se justifica porque o lítio, além de acarretar doenças renais se tomado em excesso, também pode causar hipotireoidismo e, em casos raros, arritmias cardíacas. O professor acredita que, ao perceber maior concentração de lítio naquela água, os pesquisadores deveriam primeiro tentar identificar maior ocorrência desses males em vez de tentar vincular o íon à queda de suicídio, que, como mencionamos, não pode ser atribuída a um único fator. As autoridades sanitárias de Oita deveriam considerar a água imprópria para consumo, também na opinião do professor.