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O Santo e a Cerveja

Leia artigo publicado no Jornal do Povo deste sábado (8) de julho

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Tá chegando o dia de comemorar a vida de um Santo que apooooosto que você não conhece. Eu mesma não o conhecia até começar a trabalhar no meio cervejeiro. 

A curiosidade bateu aí? Então segue a leitura que quem sabe você descobre antes mesmo de eu mencionar o nome dele.
Vamos voltar lá pros tempos antigos. Mas antigo meessssmo. A data fica mais próxima do nascimento de Cristo do que a do descobrimento do Brasil.

O ano era de 580… 582…, e nascia na região de Metz, na França, um menino muito do sabido, filho de uma família nobre. O menino voltado aos princípios cristãos, agarrou a oportunidade de estudar, e entrou para o monastério. E, então, esse menino foi crescendo naquele centro de cultura e conhecimento. Ali seu caráter foi sendo lapidado, e por causa de sua competência e alto nível de instrução, acabou se tornando conselheiro do rei daquela região.

O tempo passou e o rei confiou também a educação do príncipe a esse seu conselheiro. Além de braço direito do rei, ele se tornou tutor do filho do rei. E assim foi. Educou o príncipe de tal maneira, baseado nos princípios da fé, da justiça e da caridade, que quando o príncipe se tornou rei, não deixou que acontecesse nenhuma atrocidade durante o seu reinado. 

Tantos foram os feitos do conselheiro que os nobres da corte decidiram nomeá-lo Bispo de Metz. Mas o conselheiro, agora aspirante a Bispo, sabia que fazer parte da corte o deixaria mais propenso às corrupções e aos pecados. Cheio de dúvidas, um dia andando pelas margens de um rio, atirou o anel que havia ganhado do rei na água e disse: “Senhor, se me perdoas, esse anel irá voltar a mim” Reza a lenda que dias depois, serviram um peixe ao conselheiro num jantar, e adivinhem o que ele achou dentro do peixe? O tal anel. Ou seja, o anel havia retornado. Então o conselheiro aceitou ser nomeado Bispo.

E aí? Bispo de Metz? Adivinhou o nome do Santo de Metz?
Seguimos:
Naquela época, pestes e contaminações andavam livremente por todos os cantos e lados, né? Logo, o Bispo de Metz orientava seus fiéis a evitarem o consumo de água, substituindo por cerveja. Claro que não era para as pessoas viverem bêbadas. Era apenas para manter seus fiéis saudáveis uma vez que a água não era fervida, nem tratada naquela época. Já a cerveja era fervida com alguns ingredientes, como o malte, então, ela ficava livre de germes.

E agora? Adivinhou? Bispo que fala para os fiéis beberem cerveja?
Continuemos…
O tempo chega para todos, né, não? Já velhinho, sem capacidade para prosseguir, O Bispo renuncia ao cargo e se retira para um Mosteiro em Remiremont, vindo a falecer em 18 de julho de 641.

Assim que os habitantes de Metz ficaram sabendo do seu falecimento, pediram para que o corpo fosse exumado e sepultado na Igreja da cidade. E assim, partiram em viagem.  Enquanto levavam o corpo do Bispo de volta, cansados demais para prosseguir, resolveram parar em uma taberna para comprar cerveja e descansar um pouco. Mas ali só havia 1 jarra, então resolveram dividir o pouco entre eles, e surpreendentemente foram dividindo, e bebendo, e dividindo, e bebendo, e dividindo aquela única jarra cuja cerveja que havia no seu interior nunca acabava. Todos puderam saciar sua fome e sede abundantemente.

Este milagre foi atribuído ao Bispo, e hoje ele é considerado um dos padroeiros dos cervejeiros. 
O nome dele: Santo Arnulfo de Metz.

* Flávia de Souza – Sommelière de cervejas