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"Foi uma cena de horror", diz mulher de chinês esfaqueado em mercado

Mulher estava junto com o marido quando ele foi atacado em Guarulhos

A comerciante Marineide Cavalcante Miranda costumava ir todas as quartas à noite ao supermercado Extra Bosque Maia, em Guarulhos, na Grande São Paulo, com o marido, o chinês Ding Yu Chi, comprar produtos em promoção para a lanchonete da família. Na noite da última quarta-feira (26), entretanto, presenciou uma cena descrita por ela mesma como “de horror”. Um homem pegou uma faca na prateleira e esfaqueou três pessoas no local. Entre as vítimas, estava Chi, que acabou morrendo.

“Foi um pavor, uma correria, uma cena de horror”, disse Marineide ao G1 no fim da manhã desta quinta-feira (27), logo após a liberação do corpo do marido. Ela contou que estava escolhendo tomates enquanto o marido falava no celular e empurrava o carrinho. De repente, ouviu uma gritaria e outras pessoas dizendo que alguém estava com uma faca no mercado.

“Eu fui procurá-lo e só vi o homem com a faca na mão e meu marido com a mão na barriga, já cheio de sangue. O segurança parece que estava fugindo também. Aí meu marido ficou no chão, esperando o resgate”, contou ela, visivelmente emocionada.

Além de Chi, outras duas pessoas foram feridas no ataque. Um deles, um homem e 54 anos, foi levado para o Hospital Carlos Chagas com ferimentos na região lombar. De acordo com o hospital, ele teve alta na manhã desta quinta após passar por exames. A outra vítima foi levada para o hospital Bom Clima. Ele foi ferido no lado esquerdo do tórax e está na UTI. Segundo o hospital, o estado dele é regular, necessitando de cuidados intensivos. O responsável pelas ações foi preso pela polícia.

Querido pelos amigos
Marineide e Chi viviam juntos há 25 anos e tiveram dois filhos – um rapaz de 17 anos e uma jovem de 20. Segundo a comerciante, o desejo do marido após a morte era de que seu corpo fosse cremado e as cinzas levadas para a China, de onde ele saiu aos 30 anos para procurar emprego no Brasil. “Vou cremar o corpo, mas não sei se vou conseguir levar as cinzas para a China. Ele era muito bom, uma pessoa muito boa, honesta, trabalhadora, excelente pai”, disse a mulher.

Amigos acompanharam Marineide no IML – entre eles o advogado da família, Rauster Reche, de 35 anos. “É surreal, parece algo que você vê em filmes ou nos Estados Unidos”, afirmou ele, que ainda não sabe se a família ira entrar com alguma ação legal contra o supermercado. “É muito cedo para falar isso, mas vamos avaliar as responsabilidades. Tinha uma faca grande exposta, de fácil acesso, vamos analisar a conduta do estabelecimento.”

Outro que estava incrédulo com a morte do amigo era o médico Roberto Yozo, de 52 anos. “Ontem eu passei na frente da lanchonete 21h20, mas nem parei para conversar muito porque sabia que eles estavam indo para o mercado. Pouco depois tudo aconteceu”, afirmou.

No bar e lanchonete da família, eram servidas refeições caseiras, algumas com o toque oriental do comerciante. Segundo o contador de Chi, Mauro Donizete, de 53 anos, ele havia acabado de comprar outra lanchonete, que ainda estava tendo sua situação regularizada. “Sou amigo dele há 15 anos. Era uma pessoa tranquila, calma, sem problemas com ninguém. Acordei hoje com um amigo me ligando para contar o ocorrido e quase não acreditei”, disse ele.

De acordo com a família e os amigos, Chi nunca havia sofrido algum episódio de violência – dois anos atrás apenas tentaram colocar fogo em seu comércio, mas sem sucesso. O responsável nunca foi encontrado. O corpo do comerciante será velado no Cemitério Primavera, em Guarulhos.

Em nota, a assessoria de imprensa do Extra informou que “tomou as medidas cabíveis, acionou o serviço de emergência que prestou pronto atendimento e fez a remoção dos feridos ao hospital. A Polícia Militar também foi solicitada e capturou o agressor, conduzindo-o à delegacia. A empresa lamenta profundamente o ocorrido, se mantém solidária às vítimas e suas famílias e a disposição das autoridades para contribuir com o esclarecimento do ocorrido.”