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Imigrantes temem aumento da xenofobia após a Copa

Na África do Sul, problemas de violência contra imigrantes são recorrentes. Em 2008, pelo menos 67 pessoas foram mortas

A Copa do Mundo prometeu criar milhares de empregos na África do Sul e imigrantes de vários países do continente chegaram ao país em busca de uma oportunidade. O Mundial, porém, termina no próximo dia 11. Trabalhos e o clima de festa devem acabar, e especialistas já temem que uma onda de xenofobia tome conta do país.

Na África do Sul, problemas de violência contra imigrantes são recorrentes. Em 2008, pelo menos 67 pessoas foram mortas em ataques de caráter xenófobo. Desde então, segundo a pesquisadora Tara Polzer, imigrantes continuam sendo perseguidos em várias regiões do país.

Para ela, depois da Copa, essa situação deve se intensificar. "Eu realmente acredito que ataques como os de 2008 podem se repetir", disse ela, em entrevista à Agência Brasil. "O fim da Copa do Mundo está sendo visto como um momento limite para que muitas questões sejam resolvidas. Umas delas, a da imigração".

Polzer trabalha na Universidade de Witwatersrand e estuda movimentos migratórios na África do Sul. Segundo ela, é comum que líderes regionais culpem imigrantes pelo índice de 25% de desemprego no país, e isso acaba incentivando atitudes xenófobas.

No mês passado, um relatório da Anistia Internacional já chamava a atenção para os perigos a que os imigrantes estarão expostos após o final da Copa. "Há uma enorme atenção sobre a África do Sul atualmente", informou o relatório. "Isso [o aumento da xenofobia] pode ocorrer assim que essa atenção acabar".

Pelas ruas de Joanesburgo, os imigrantes já sentem o perigo. O zimbabuano Peter Chex, de 37 anos, sabe que depois da Copa as tensões devem aumentar e já prepara a volta para sua terra natal.

Na África do Sul há seis anos, ele sabe que a xenofobia é um problema real para os imigrantes. Por isso, prefere retornar a viver nas mesmas condições que o fizeram mudar do Zimbábue a arriscar sua vida em solo sul-africano. "Melhor morrer na minha terra do que aqui".