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W3C: a acessibilidade virtual

O termo “Avatar”, mais do que o nome de um filme campeão de bilheterias significa encarnar, ou seja, tomar propriedade de um corpo. Se no filme de James Cameron o protagonista paraplégico se realizava ao expandir a sua consciência em um novo corpo, hoje milhares de pessoas ao redor do mundo trabalham para que a internet possa estar acessível em sua totalidade para pessoas com limitações físicas.

Em um mercado tão acirrado, uma empresa pode conseguir maior visibilidade se comunicando com pessoas que são deixadas à margem da grande rede, possibilitando um contato mais íntimo com seus produtos e serviços, promovendo sua marca.

O Consórcio World Wide Web (W3C) é uma comunidade internacional que desenvolve padrões com o objetivo de garantir o crescimento da web, definindo protocolos e diretrizes que garantam um crescimento bem estruturado. Para atingir esse objetivo, as tecnologias mais fundamentais precisam ser compatíveis entre si e permitir que todos os equipamentos e softwares funcionem juntos.

Na questão da acessibilidade, o W3C possui um documento que explica como tornar o conteúdo web acessível aos portadores de necessidades especiais. Alguns pontos desse documento podem ser destacados.

O primeiro orienta no sentido de prover alternativas equivalentes para conteúdos audiovisuais. Isto porque algumas pessoas não podem ver filmes ou ouvir músicas. Nestes casos, é importante a utilização de conteúdo textual equivalente ao audiovisual, pois permite que os mesmos sejam reconhecidos por programas que sintetizam voz ou dispositivos para leitura Braille.

Outra questão aponta para a construção de páginas que permitam que seu conteúdo seja acessível por vários dispositivos. Uma página normalmente é elaborada levando-se em conta que seu conteúdo será acessado por usuários que usam mouse, excluindo pessoas que possuam alguma restrição visual. Uma forma para atender essa questão é com o uso do teclado, implementando teclas de atalho.

A estética de uma página também merece atenção, permitindo que seu conteúdo esteja disponível mesmo com a ausência de cores. Se uma página não possui variações de tonalidade, pessoas com dificuldades para diferenciar certas cores terão dificuldade de entendê-la. Desta forma, o ideal é utilizar cores que gerem contraste quando combinadas.

O documento prevê ainda outras recomendações que demonstram a importância de tomar certos cuidados na hora de criar projetos web. O assunto cai como uma luva num momento em que novas leis são implementadas a fim de promover a inclusão social dos deficientes.

Criar páginas que atendam a requisitos mínimos de navegabilidade por portadores de deficiência será mais que um diferencial, mas sim uma obrigação das empresas num futuro não muito distante.
Fazer paraplégicos adotarem um novo corpo ainda é coisa de filme de ficção. Entretanto, diminuir suas barreiras de acesso ao mundo virtual é algo que só depende da boa vontade das empresas. Um desafio e tanto para os profissionais de comunicação.

Marcel Antunes Raposo é especialista em informática