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Marionetes

Quem como eu teve intensa atividade política, sobretudo na época das eleições, procura dela participar, mesmo que respeitando o peso de sua senectude setentona. Nessas circunstâncias, tenho participado de algumas concentrações eleitorais e de muitos contatos pessoais junto a amigos e velhos companheiros de saudosas campanhas, para ouvir e também transmitir-lhes o meu pensamento sobre o atual momento que
vive a nação.
Nesses contatos, para mim um oxigênio recuperador de minhas energias cidadãs, tenho recebido interessantes observações, dentre elas esta que agora relato: vem de uma senhora que se manifesta indignada com a postura de candidatos à presidência da República. Para ela, tanto José Serra, quanto Marina Silva, pela natural postura que emoldura suas existências como políticos experientes e de respeitável atuação pública, não deveriam conduzir-se pelos ditames monocráticos de marqueteiros, tão somente. Estes ditam a moda: como se apresentar em tal ambiente, como vestir-se para certa ocasião, qual o assunto abordar, etc.
Tal submissão é papel para Dilma Rousseff, que nesta campanha
eleitoral é obrigada a seguir à risca a orientação de seu guru, Luiz Inácio,
transmitida com rigor por João Santana – o marqueteiro palaciano.
Seguindo a risca, sobretudo Dilma Rousseff e Marina Silva, a orientação da marquetagem, transformam-se em verdadeiras marionetes (boneco movido por meio de cordéis manipulados por pessoa oculta, ou pessoa manipulável – segundo o Dicionário de Antônio Houaiss), deixando-as artificiais , longe do que realmente indicam suas personalidades marcantes. Já Serra, tal como Plínio Arruda Sampaio, macacos velhos na arte de exercitar a política, se tem marqueteiros a sua esteira, por eles
não se conduzem.
Naqueles áureos tempos – lá venho nostálgico – as campanhas eleitorais não possuíam a sofisticação atual, onde a dissimulação da figura do candidato é o tom primordial para torná-lo menos real, na tentativa de iludir o eleitor desprecavido. Naqueles tempos, os candidatos eram, como pessoa e idéias, absolutamente autênticos; os homens sem brilhantina e as mulheres sem retoques e Botox.
Os debates pela televisão – já na era de sua existência – só obedeciam
o horário, era livre a amostra da capacidade e o gênio da personalidade dos que participavam do entrevero verbal, por vezes rude. Hoje, além do pó da
maquiagem, têm que obedecer um prévio acordo de antibeligerância – excluído dele a figura onomatopaica do rebelde de fachada Plínio do PSOL. No primeiro debate, assim foi, jogaram arroz entre si.
A observação daquela eleitora tem absoluta procedência, pois está faltando autenticidade nas manifestações dos principais candidatos. Se mostrassem às claras, sem subterfúgios da marquetagem, ganhariam mais do que perderiam.
Os eleitores têm o sagrado direito de conhecer, talvez nos mínimos detalhes, a capacidade intelectual, a bagagem de serviços na vida pública, o seu passado de cidadania, inclusive os humores nas ocasiões de estresse, e se não estão amarrados a compromisso prévios (tanto quanto comprometedores…), não andam na garupa de
alguém que possa ter-lhe imposto um marqueteiro sagaz!

Ruben Figueiró de Oliveira é Senador suplente