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Três Lagoas

Escolas públicas serão alvo de ações do Consex

O tema "violência contra a criança e o adolescente" deverá ser debatido nas escolas

O tema “violência contra a criança e o adolescente” deverá ser debatido nas escolas das redes pública e particular de Três Lagoas. A iniciativa foi apresentada na manhã de ontem (13), durante uma reunião dos membros do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes (Comsex), no Ministério Público Estadual (MPE).
A intenção é capacitar os profissionais da Educação na identificação das vítimas de violência sexual. “Não é fácil identificar uma criança ou adolescente que tenha sofrido, ou sofra, abusos. Em muitas vezes, o crime não deixa marcas no corpo, apenas na alma da criança. Por isso, a importância da qualificação e, principalmente, sensibilização. Todo professor que lida com crianças e adolescentes deve saber como identificar o abuso e como agir depois”, declarou.
No entanto, todos admitem: o trabalho não será fácil. O motivo seria a resistência de algumas escolas, principalmente da rede estadual para trabalhos. A presidente do Comsex, Vilma Portella, admitiu a dificuldade, mas expõe também o lado das escolas. Segundo ela, a maior dificuldade está na disponibilidade de tempo. “Hoje, todos os problemas estão nas escolas. Além disso, para participar de qualquer curso o professor tem que tirar do próprio bolso o pagamento de um substituto, já que as escolas não dispõem de profissionais sobrando para deixar no lugar. O que precisamos é encontrar um caminho para que o tema seja inserido dentro da sala de aula”.
Além disso, ela critica também as próprias instituições responsáveis pela formação dos profissionais. “Passei pelo magistrado e nunca o tema violência sexual contra crianças e adolescentes foi tratado em sala de aula. É uma falha terrível”.

QUALIFICAÇÃO

Há alguns meses, o vice-presidente do Consex, Sidney Ribeiro, realizou um levantamento geral em quatro escolas – eram para ser cinco – ele foi barrado em uma instituição educacional.
O resultado do levantamento foi a elaboração de uma cartilha destinada aos professores. O material informativo vem sendo trabalhado há três meses. Já está pronto, mas precisa de colaboradores para ser distribuído. O objetivo é trabalhar escola por escola e depois promover uma capacitação geral aos professores.
 “Muitos profissionais tem medo de denunciar. Não sabem que a denúncia sai no nome da escola, o que ainda a torna mais forte. Além disso, é previsto no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]. Qualquer profissional que lide com crianças e adolescentes é obrigado a denunciar, em caso de suspeita. Sob o risco de responder por omissão, caso não o faça”. A ação já teria mostrado resultados. Em 2007, quando um trabalho semelhante foi feito com os alunos, o número de denúncias aumentou, principalmente pelo “disque 100”.

PLANO

O trabalho nas escolas, entre outras ações, está previsto no Plano Municipal de Enfrentamento para 2009. O plano foi apresentado na manhã de ontem, quando também foi iniciado o processo de analise de todas as ações realizadas pela rede de combate à violência. O objetivo, conforme Vilma, é saber a real situação da Cidade e as falhas da rede. O levantamento envolve dados do MPE, Fórum, Delegacia da Mulher, Saúde, Conselho Tutelar e outras instituições. (R.P)