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Setores exportadores lideram desaceleração econômica e demissões, diz economista

A avaliação é do economista chefe do Bradesco, Octavio de Barros, que participa hoje (6) do Seminário Internacional sobre Desenvolvimento

O principal efeito da crise financeira internacional no Brasil é a redução das exportações, gerada pela menor demanda externa. A avaliação é do economista chefe do Bradesco, Octavio de Barros, que participa hoje (6) do Seminário Internacional sobre Desenvolvimento.

“Setores exportadores são os que lideram a desaceleração da economia brasileira e as demissões. Há uma relação forte entre emprego e a quantidade exportada pelos vários setores”, acrescentou Barros.

A estimativa do banco é de que haja uma redução de cerca US$ 122 bilhões na corrente comercial (exportações e importações) neste ano, em relação a 2008. A diminuição prevista para as exportações é de US$ 66 bilhões e para as importações, na ordem de US$ 55 bilhões. “Não há menor dúvida de que o Brasil sofreria ainda se tivesse uma economia mais aberta às exportações”, afirmou.

Segundo estimativa apresentada pelo economista, para cada meio por cento de redução do PIB, 350 mil empregos são perdidos. Entretanto, mesmo com a crise, com uma projeção de crescimento da economia neste ano de apenas 0,6%, devem ser gerados no país neste ano 200 mil empregos. “Não vamos interromper o ritmo de geração de emprego”, analisou.

Barros também citou que é a primeira vez no Brasil que a recessão não vem acompanhada de inflação. “Portanto o desconforto não é tão grande”. Ele afirmou ainda que os investimentos em infra-estrutura são importantes para o país neste momento.

Quanto ao crédito, Octávio de Barros prevê crescimento para 44% do Produto Interno Bruto diante dos 41% registrados no ano passado. A inadimplência das pessoas físicas porém aumentar para 9,2%, mas Barros considera o fato inevitável numa situação de crise.

Embora tenha elogiado a “bancarização” considerada por ele um ato louvável do governo brasileiro, ele lembra que em momentos de crise não há milagres, pois o risco embutido na medida aparece com os índices de inadimplência.

“O sistema financeiro brasileiro também não precisa de financiamento externo. Sessenta por cento do crédito doméstico na Croácia é externo. Estão com uma situação melancólica”, afirmou.