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Três Lagoas

Bombeiros alertam para riscos de queimadas em terrenos baldios

Apenas no último fim de semana, os bombeiros controlaram oito incêndios em várias partes da Cidade

O 5º Grupamento do Corpo de Bombeiros volta a ter problemas com uma prática, embora ilegal, bastante comum em Três Lagoas: as queimadas em terrenos baldios. O costume de se atear fogo em terrenos baldios é antigo, e ressurge a cada período de estiagem, quando os riscos são ainda maiores, como explica o capitão André Ruffato, subcomandante da corporação.
De acordo com ele, apenas no começo deste mês, os bombeiros militares controlaram nada menos que 14 incêndios em terrenos baldios da Cidade, mas o número real de casos é bem maior. Por dia, a central de atendimento da corporação chega a registrar mais de dez denúncias de incêndios. Como são muitos os casos, a cada ligação, o bombeiro faz uma triagem para saber a gravidade das chamas. As viaturas só são encaminhadas quando há necessidade. “Essa triagem se faz necessária para que o serviço de emergência não seja prejudicado. A maioria liga reclamando da fumaça, mas não podemos deixar de atender uma situação grave, como um acidente, ou um incêndio em residência, para controlar chamas que não oferecem risco”, explica Ruffato.
Apenas no último fim de semana, os bombeiros controlaram oito incêndios em várias partes da Cidade. Dentre eles, seis foram em terrenos baldios. “E estes são os casos mais críticos”, reforça o oficial. Os outros são casos de incêndio de um veículo e em pastagem.
Para o subcomandante, o problema das queimadas é cultural e atinge boa parte da periferia da Cidade. “Muitos não podem ver o mato seco para atear fogo com o objetivo de fazer a limpeza dessas áreas. A prática é comum em quase todos os bairros e segue a seguinte estimativa: quanto mais o número de terrenos baldios daquele bairro, mais chamadas de lá receberemos. No entanto, eles [moradores] Mas se esquecem que existem outros meios de se limpar um terreno, legalmente, sem prejudicar a saúde de terceiros”, disse.
Com o tempo seco, aumentam drasticamente as doenças respiratórias, que se agravam por conta da fumaça produzida pela queimada. Além disso, aqueles que são expostos à fumaça estão sujeitos à desidratação e intoxicação. “Isto sem contar que as queimadas também podem gerar acidentes de trânsito, interrupção de aulas, caso seja próximo a escolas e uma série desencadear uma série de prejuízos econômicos, e ambientais. Ninguém liga para o aquecimento global?”, completou Ruffato.

CRIME

O oficial reforça que a prática de queimadas é crime, cujo autor, em caso de flagrância, pode ser multado e até preso. A punição é prevista no artigo 54, da Lei 9.605/98, da Lei de Crimes Ambientais: “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. A pena para o delito é de um a quatro anos de reclusão e multa. No entanto, para isto as denúncias devem ser encaminhadas à Polícia Militar Ambiental (PMA).
“O ideal é que seja feito um trabalho educativo nas escolas, junto às crianças, sobre a ilegalidade da prática, já que muitas não sabem que é crime e eu já presenciei isto. Já no caso dos adultos, é necessário que denuncie junto à PMA. Tem que haver prisões e autuações para que a população desperte”, disse.
A previsão do Corpo de Bombeiros não é nada animadora. Conforme Ruffato, as queimadas deverão se estender pelo tempo que durar o período de estiagem, podendo chegar a até o mês de setembro. “Agora, dependemos das chuvas. Como ontem choveu, as queimadas irão parar um pouco, mas retornando o tempo seco, elas retornam também”, disse. (R.P)