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Isto é uma salada

“Isto é uma salada” – foi a exclamação do presidente Luiz Inácio, ao analisar, perplexo, (vejam só!) a bagunça gerada pela disputa de cargos nas comissões técnicas do Senado da República. A explanação do primeiro Magistrado foi consoante àquelas das vezes anteriores, quando diante de uma safadeza, d’um escândalo, deles se esquivava, alegando que “não viu, não leu, não sabia” et caterva… embora nem a mais ingênua das criaturas ignorasse fatos escabrosos de claridade solar ocorridos na corte brasileira. Difícil, pois, aceitar a esfarrapada “tirada” de sua excelência e que levou ao sacrifício sua então leal senadora barriga verde.

Na realidade, porém, o que aconteceu lá na Alta Casa da República não é uma salada de escusos interesses, de apetitosos proveitos ao estômago de certas lideranças peemedebistas, e, sim, uma salada de pepinos, indigesta como tal soe ser, para opinião pública, que se senta à mesa obrigada a absorvê-la com casca e tudo e sem forças para rejeitá-la. A suposta cúpula senatorial falou, tá falado…

E, assim caminha o Brasil. Se lá fora, nos cafundós do mundo, a crise econômica campeia desenfreada, aqui, em nosso torrão, ela ainda é contida, mais por ação divina, do que pela gestão de nossas atritadas autoridades. Porém, maior que o colapso econômico, aqui sofre-se de um mal agônico, quase letal, que corrói as fibras da ética, da moral, a deterioração das cordas da dignidade de nossos homens públicos. Briga-se por cargos e posições, como é exemplo pendular a quizília no PT entre o ex-governador José Orcírio e o senador Delcídio Amaral. Até dá para elocubrar que a briga, exteriorizada pela mídia, esconde algo mais grave, idêntico aquele episódio retratado pelo genial Shakespeare em Hamlet, “de que há algo de podre no reino da Dinamarca”. No caso, nos bastidores do petismo…

O fogo também crepita não só nos campos do PT. No PMDB sul-mato-grossense – é questão de justiça ressaltar que o PMDB regional nem de longe é aquele vergonhoso que freqüenta a Explanada dos Ministérios em Brasília – o governador é que estimula entre seus dignos valores, Walter Pereira, Waldemir Moka e Simone Tebet, uma disputa desgastante pelas vagas que se abrirão no Senado em 2010. É talvez um risco premeditado por sua excelência e, como tal, poderá à época ser surpreendido por candidaturas à sua sucessão a lhe tirar o fôlego!

Resta o PSDB. Este tem lideranças expressivas no Estado, mas está sonolento, não consegue administrar nem um distúrbio em seu diretório da capital, onde há mais de dois meses titubeia em apreciar a quebra de disciplina partidária da parte do vereador João Rocha. Aliás, quando o sagaz e bem informado comentarista político Manoel Afonso afirmou que o “caso” João Rocha daria em nada, recusei-me a acreditar, mas, hoje, pelo andar da carruagem lá nos bastidores do tucanato, já penso em dar a mão à palmatória…

Tudo isto que lemos, vimos e ouvimos, dá para concluir que, no Brasil, política não passa de uma salada indigesta!

Ruben Figueiró de Oliveira é suplente de senador e ex-deputado federal