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Crise de credibilidade ronda setor imobiliário

A estratégia das empresas confirma essa realidade

Nos últimos dois anos, as expectativas de crescimento levaram a uma acirrada competição por bons espaços nas grandes capitais do País, transformando incorporadoras e construtoras, antes só empresas de serviços, em compulsivas investidoras do mercado de terras. Como resultado, só a Gafisa tem um estoque estimado em R$ 17,8 bilhões. O problema é que com a crise acabaram-se as promessas de bons negócios e, hoje, executivos enfrentam uma realidade sombria: não sendo possível prever a demanda, muito menos transformar os terrenos em capital de giro, como manter as taxas de crescimento para 2009 e remunerar os acionistas?

A resposta não é fácil, especialmente quando as companhias ainda estão engolindo o impacto da nova lei contábil (nº 11.638, de 28/12/2007), que devorou alguns milhões do lucro de várias delas. “Já vivemos uma crise de credibilidade no setor financeiro e corremos o risco de enfrentar uma nova crise de credibilidade no mercado imobiliário”, diz Thomaz Assumpção, presidente da consultoria Urban Systems Brasil.

A estratégia das empresas confirma essa realidade. Nos meses de novembro e dezembro do ano passado, a Gafisa trabalhou com um período de pré-reservas mais longo em seus empreendimentos, na tentativa de prever a aceitação do mercado. “Essa é uma estratégia efetiva”, disse Antonio Carlos Ferreira, diretor de incorporação da empresa, em teleconferência a analistas do mercado financeiro.

A rede de imobiliárias Brasil Brokers também notou essa tendência. “Antes, os incorporadores não olhavam direito o mercado e já partiam para a comercialização”, conta Álvaro Soares, diretor financeiro e de relações com investidores da Brasil Brokers. Hoje, empresas esperam até alcançar uma reserva de 50% para lançar os projetos.