Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Jovem cego pretende se formar em Direito

Falante e otimista, Tiago está convicto que vai conseguir seu objetivo profissional na AEMS

O acadêmico Tiago Menezes Ruis, 23 anos, terceiroanista do curso de Direito das Faculdades Integradas de Três Lagoas (AEMS), esteve ontem (20) à tarde em visita às instalações do Grupo RCN de Comunicação para conhecer como funcionam as cinco empresas (rádios, televisão, jornal e site). Na oportunidade, colocou aos repórteres do Jornal do Povo toda sua esperança em conseguir se formar e, de preferência, advogar na região.
Deficiente visual, Tiago Ruis, acompanhado pela mãe Tânia, disse que veio de Brasília, há três anos, e já na primeira tentativa conseguiu passar no vestibular. “Para chegar até aqui tive apoio de voluntários do Centro de Deficientes Visuais, onde estudei, na capital federal”, comentou ele, falando a respeito de sua formação escolar no ensino médio.
As dificuldades foram superadas, tanto pelo próprio Tiago, como pelo apoio de médicos, matemáticos, enfim, voluntários do Centro, que acompanharam sua escalada escolar. “Eles liam os livros e eu ia aprendendo”, resumiu.
Acredita que deverá ter alguma complicação para seguir adiante os estudos e até depois de formado. A literatura em braile para ele é a melhor forma de continuar obtendo conhecimentos. Mas, não são todos os livros que atendem essa necessidade. “No Direito é muito complicado, inclusive para trabalhar [após se formar]; muitos usam CDs, computador para pesquisar. Certamente, vou ter que contratar um assessor para eu poder preparar minhas tarefas”, concluiu.
Nas audiências, por exemplo, além de utilizar a informática e literatura braile e do assessor, Tiago diz que vai ser obrigado a se preparar: “vou ter que ensaiar antes de entrar no tribunal”.
Na questão da obrigatoriedade do Exame da Ordem (dos Advogados do Brasil), Tiago considera injusta. “Toda profissão deveria ter esse tipo de exame. Porque não tem?”, questiona, acreditando que o exame é inconstitucional.
Falante e otimista, o acadêmico, no final da entrevista, confia no sucesso de sua empreitada universitária, passando pelo Exame da Ordem, e prefere ainda se reservar quanto ao seu relacionamento amoroso ou matrimonial. “Namorar, casar, ainda não; vou seguir meu objetivo profissional primeiro”, disse, ao se despedir dos jornalistas.