Veículos de Comunicação

Oportunidade

Petrobras renegocia obras para cortar custos em 30%

A empresa já tem o aval do conselho de administração, ou seja, do governo, para sua decisão, que implica o atraso de projetos importantes

A Petrobras vai usar toda sua artilharia para cortar em pelo menos 40% os custos dos produtos e serviços que lhe são fornecidos. Ela começou a chamar fornecedores para renegociar os contratos mais recentes e cancelou licitações ainda em curso na expectativa de reduzir o custo final dos projetos. A estatal tem um programa de investimentos de US$ 174 bilhões até 2013 e tornou-se um dos principais instrumentos do governo para evitar que o país caia em recessão.

A empresa já tem o aval do conselho de administração, ou seja, do governo, para sua decisão, que implica o atraso de projetos importantes. A refinaria Abreu Lima, já em obras em Pernambuco, deveria entrar em operação em setembro de 2010, um mês antes da eleição presidencial. Mas agora não será inaugurada antes do primeiro trimestre de 2011.

“Não queremos atrasar nenhum projeto, mas não iremos fazê-los a qualquer custo para não atrasar”, disse o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. No mercado, essa estratégia de renegociar cada contrato está sendo interpretada como uma espécie de “adiamento branco” de obras, à espera de melhores condições de demanda, preços e crédito.

Na área comandada por Costa, a Petrobras já canelou duas grandes seções da refinaria Abreu Lima que estavam licitadas, além de vários pacotes de menor porte, todos por estar com preços considerados “inaceitáveis”. Outros cinco pacotes, no valor de US$ 2,9 bilhões, foram contratados na semana passada.

Na área de exploração e produção, além dos já anunciados cancelamentos das licitações das plataformas P-61 e P-63, a Petrobras está revendo outras encomendas. No fim de janeiro foi adiada pela quinta vez a definição de cinco pacotes envolvendo a compra de 306 “árvores de natal molhadas” – conjunto de válvulas que pode custar mais de US$ 3 milhões por unidade.

Costa informa que a Petrobras está pedindo reduções de preços “de 30% para cima”. A pressão da estatal é justificada pela queda abrupta nos preços do petróleo, que saíram da casa dos US$ 120 por barril para US$ 50. A receita das empresas do setor desabaram e vários projetos no mundo entraram em reavaliação, com reflexos na demanda por equipamentos.