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Três Lagoas

Mais de 60 famílias do "sem terra" ocupam fazenda

Além da implantação do assentamento Arapuá, os sem terras também aguardam a ocupação de outra propriedade

Após seis anos de espera, 68 famílias ocuparam a Fazenda Arapuá, a cerca de 40 quilômetros de Três Lagoas. A ocupação, segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Jenir Neves, ocorreu na última sexta-feira (20). Agora, as famílias aguardam a liberação de um último lote para a implantação do assentamento.
“A ocupação se deu de forma parcialmente tranquila. Houve um pouco de resistência do proprietário, mas no final da tarde, o Incra esteve no local e podemos dar continuidade ao processo de ocupação. Hoje, eles [acampados] estão dentro da sede da fazenda. Todos já montaram seus barracos e estão num acampamento de três hectares aguardando a liberação de uma pequena área ainda arrendada. Mas o que importa é que a fazenda é nossa”, reforçou.
A área citada por Jenir refere-se a 140 hectares da fazenda que permanecem ocupados por um arrendatário. Ela explica que a Justiça determinou que o gado lá existente deva ser retirado até o dia 2 de maio, quando se deverá dar início à implantação do assentamento.
Assim que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) assumir o restante da área, será iniciado o processo de sorteio dos lotes e liberação de recursos para construção de casas e também para o início das atividades econômicas.
“A atividade econômica será discutida e escolhida pelas famílias. O nosso objetivo é fazer com que exista uma atividade predominante entre todos os assentados, para que assim, como cooperativa, eles possam se fortalecer”, explica.
Mesmo a decisão partindo dos pequenos produtores, Jenir não descarta o investimento na produção de leite. A atividade já foi implantada no assentamento Pontal do Faia, que conta com 45 famílias, e vem trazendo bons resultados.
Ao todo, as famílias deverão ser distribuídas em 1,4 mil hectares de terra. A divisão exata da área ainda não foi repassada ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, mas a presidente acredita que cada família receberá em torno de 15 hectares.
Para Jenir, a ocupação foi motivo de comemoração. “Até nos esquecemos do tempo de espera”, diz. As famílias acampadas estão aguardando a área desde 2003. De lá para cá, foram montados acampamentos no Córrego da Moeda, Córrego do Pinto e Córrego do Arapuá, próximo à fazenda.
Entretanto, a presidente admite que a quantidade assentados ainda está distante da real necessidade. Hoje, são mais de 600 famílias aguardando um pedaço de terra no Município.

ALVORADA

Além da implantação do assentamento Arapuá, os sem terras também aguardam a ocupação de outra propriedade, a Fazenda Alvorada. Conforme Jenir, a propriedade já foi desapropriada pelo Incra e aguarda apenas a reavaliação de preços para assumir a área. “Acredito que este processo de reavaliação seja rápido”, diz.
A expectativa é que a fazenda seja ocupada por uma média de 40 a 50 famílias. (R.P)