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PF investiga superfaturamento de obras e doações a políticos

A polícia informa que os indícios encontrados até agora apontam para uma tentativa de fraude nas eleições de 2008

A Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal (PF), além de investigar a remessa ilegal de dinheiro para o exterior, apura a existência de superfaturamento em obras realizadas pelo grupo Camargo Corrêa e também doações a partidos políticos e candidatos. Somente em Mato Grosso do Sul, sete cidades foram alcançadas pela ação financeira da construtora, beneficiando sete candidatos; quatro deles foram eleitos em 2008.


Segundo informações, Em Deodápolis, a candidata Maria das Graças Viana, da coligação PT-PPS-PDT, recebeu R$ 20 mil da construtora, mas não conseguiu superar o prefeito eleito Manezinho nas urnas. Em Rio Verde de Mato Grosso, o candidato a prefeito Mário Alberto Kruger, da coligação PT-PTB-PMN, recebeu R$ 25 mil, e também não foi eleito. Outro que recebeu doação (R$ 25 mil) da Camargo e não foi eleito foi o candidato da coligação PSDB-PMDB-PPS-PT, Adalberto Dalbem.


Já em Bandeirantes, Alcinópolis, Glória de Dourados e Ribas do Rio pardo, os candidatos a prefeito beneficiados com o dinheiro da construtora conseguiram se eleger. São eles: Flávio Gomes (R$ 25 mil), da coligação PR-PTB-PP-PDT-PT-PSB; Manoel Nunas da Silva (R$ 20 mil), coligação PR-PDT-PSDB-PT-PSB-PTB; Arceno Athas (R$ 20 mil), PSB-PP-PSDB-PMDB-PRB-PPS-PT; Roberson Luiz Moreira (R4 20 mil), coligação PPS-PHS-PTPDT-PTB.

SUPERFATURAMENTO

Entre as obras superfaturadas, segundo apurado pela Polícia Federal, estaria a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, também conhecida como Refinaria do Nordeste, da Petrobras. O prejuízo para o erário público, segundo as investigações, seria de R$ 71 milhões.


O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje (27) que, de acordo com informações que recebeu da Petrobras, não há nenhuma irregularidade na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que está entre as obras investigadas pela Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal.


De acordo ainda com as investigações, Kurt Paul Pickel, nascido na Suíça e naturalizado brasileiro, seria o responsável por coordenar e intermediar o esquema, que envolveria também operações ilegais de câmbio, com o envio de altas quantias de dinheiro para o exterior e lavagem de valores para o grupo Camargo Corrêa.


No esquema, Pickel se ligaria a Pietro Francesco Giavina Bianchi, Fernando Dias Gomes e Dárcio Brunato, diretores da Camargo Corrêa, e com as secretárias deles, Darcy Flores Alvarenga e Marisa Berti Iaquinto. Outro diretor da empresa, Raggi Badra Neto, também estaria envolvido na organização, mas de forma secundária.


Pickel seria também o responsável em fazer as intermediações entre os diretores da construtora e os doleiros José Diney Matos, Jadair Fernandes de Almeida e Maristela Sum Doherti. Todos foram presos pela Polícia Federal.


As interceptações telefônicas feitas pela PF, autorizadas judicialmente, também apontaram a existência de supostas doações não declaradas para políticos e partidos políticos, feitas pelo grupo Camargo Corrêa. Os diretores da empresa, segundo as investigações, teriam entrado em contato com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) para a “suposta distribuição de valores a políticos e/ou partidos políticos”, segundo o documento da Justiça Federal assinado pelo juiz Fausto De Sanctis.
Entre os partidos que teriam recebido as doações estão o PPS, PSB, PDT, DEM, PP, PSDB e PS.


A polícia informa que os indícios encontrados até agora apontam para uma tentativa de fraude nas eleições de 2008.