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Jornalismo: Em defesa do diploma

Sou daqueles tempos dos títulos extensos e explicativos, assim estive para intitular esta crônica de “Jornalismo: Em defesa do diploma de boa origem e qualidade”, mas ia ficar muito comprido e resumi para o que está acima. O que quero dizer que sou do tempo que diploma era um papel cartolina escrito o nome em letras desenhadas, que se recebia no batismo, na crisma e na primeira comunhão. Mamãe mandava emoldurar e colocar na parede, enfeitando ao lado de enormes folinhas a sala de jantar.


Hoje os tempos mudaram, as folhinhas continuam sendo as folhas pequenas, das pitangueiras, por exemplo, e quando tratamos de saber datas os celulares e os computadores nos informam.

Diploma também deixou de ser decoração e passou a ser um documento de fé púbica, e quando nos referimos a ele, não é mais o papel de letras góticas, mas o documento que nos garante qualificação a uma profissão. Nunca tive um deles para exercer a profissão de jornalista, pois mesmo que desejasse em 1967, ano em que escrevi pela primeira vez para a imprensa séria ele ainda não tinha nascido.


Eu e muitos que iniciaram suas jornadas em jornais após o evento da criação do diploma, em 1969, em breve seremos enviados especiais a outras galáxias, desocuparemos as cadeiras e a cederemos, tomara, a um diplomado. Só tenho pedido que seja um ou uma de boa qualidade e origem. Quando digo “boa origem” é saber se veio de uma boa escola de comunicação, daquelas que explica que os bons jornalistas, de qualquer veículo, nascem dos bons repórteres. Que tenham faro como um cão caçador!


Beneficiado pela Lei não me preocupei com formação superior em jornalismo, fui buscar meu diploma em ciências sociais. Ao fim do trabalho em redação, no Jornal do Comércio, de Manaus, tínhamos um grupo de operários das máquinas Olivettes e Remingtons, que uma delas ainda fica na minha escrivaninha e não vendo nem por dez reais, valor que a Justiça dá em caso de penhoras, que se transformavam em professores. Eu ensinava OSPB, matéria que foi banida das escolas, pena, pois era nela que tínhamos a base da pirâmide invertida.


Trabalhávamos cerca de dez horas no jornalismo, que iniciávamos com reportes na esquina de nossa casa, passávamos pela redação e terminava-mos na hora do fechamento com redator, ou copidesque! Nosso texto, com eventuais erros de digitação não tinha riscas vermelhas abaixo, mas era cuidadosamente revistos pelo revisor. Seguiam para o linotipista, e daí para a impressora, que tive a felicidade de presenciar lá, no Jornal do Comércio, a chegada de uma das primeiras maquinas e off-sete, justamente para o jornal para onde escrevi.


Comecei a observar a evolução, o moderno chegando, até que cheguei ao teclado macio do computador, onde as coisas são mais fáceis. Tudo evolui, e eu que certa ocasião estive contra o diploma, passei achar que não é a solução acabar com ele, sim tirá-lo do rol de objetos decorativos, e fazer valer o conteúdo que dele se espera. Afinal qualidade conta-se como tesouro, e tesouro é dinheiro. Com diploma de boa origem, teremos grandes jornalistas e com bons salários que ocupem o espaço dos veteranos, quando estes, que já são poucos, disserem adeus!

Seu Pedro é jornalista veterano