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Três Lagoas

Onda de assaltos na Cidade preocupa a polícia

Para o comandante do 2º Batalhão da PM, o problema deixou de ser social, "agora é caso de polícia"

Quarta-feira (1º), 17h45. Um homem de 38 anos foi baleado após reagir a um assalto. O crime aconteceu no hotel que a vítima trabalha, situado na rua Bruno Garcia. De acordo com a Polícia Militar (PM), dois homens chegaram e perguntaram pelo proprietário, que não estava no local.

Na negativa, tentaram pegar a corrente de ouro do funcionário. Ele reagiu. Um dos bandidos sacou a arma e efetuou dois disparos, que atingiram a vítima no maxilar e na mão. Ele foi socorrido pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e levado ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Os bandidos – que, conforme a vítima, aparentavam ser adolescentes – fugiram em bicicletas.


Este foi mais um caso de assalto registrado em Três Lagoas. O que era incomum há menos de cinco anos, agora se torna cada vez mais corriqueiro entre as instituições policiais. Porém, nem por isto deixam de preocupar.


Para o comandante da Polícia Militar, tenente-coronel Washington Geraldo de Oliveira, a violência de Três Lagoas deixou de ser uma problemática social, e passou a ser caso de polícia.

E ele explica a afirmativa: “Três Lagoas vive uma situação atípica, sobram empregos. Agora não é mais culpa do ‘social’, hoje só não trabalha quem não quer, há emprego em todas as áreas. É opção ser criminoso”, dispara.


O oficial destaca a importância de investimentos no combate à criminalidade. Ele admite que as polícias estão longe de dar a resposta que a população necessita. “Tivemos muitos investimentos, e ainda estamos tendo. No entanto, foram longos anos de total abandono. O que poderia ter sido feito aos poucos, agora é tudo para ontem”, destacou.


Pelos cálculos do comandante serão necessários mais cinco anos para que a Polícia Militar de Três Lagoas esteja equipada suficientemente. “Hoje, nada está compatível com o desenvolvimento da Cidade. Estamos falando de trânsito, de infraestrutura, esgoto e o crime”, frisou.


No entanto, destaca que, dentro do possível, os assaltos estão sendo controlados.


A prova foi tirada nos dados do mês de março, aponta. Dos 37 roubos registrados na Cidade, a corporação teve êxito na prisão dos acusados em oito. Ao todo, 14 pessoas foram presas, entre elas 10 homens e quatro adolescentes. “São sempre os mesmos. E sabemos quem são.Três Lagoas está se desenvolvendo, mas ainda é uma cidade pequena, daquelas que todo mundo conhece todo mundo. Se não forem presos no assalto cometido, serão presos no próximo”, disse.


No mês passado, a Polícia Militar registrou 37 assaltos. O número corresponde a mais de um assalto por dia no Município e onze roubos a mais se comparado ao mês de fevereiro. No montante, de janeiro a março deste ano, foram 91 roubos: 28 em janeiro, 26 em fevereiro e 37 em março.
Neste ano, a PM também recuperou nove veículos produtos de furto ou roubo na Cidade.

A apreensão, no entanto, foi superior ao número de ocorrências registradas. No trimestre, a PM registrou três boletins de ocorrência de veículos roubados e um de furto. A diferença se deve ao número de pessoas que busca diretamente a Polícia Civil para registrar a ocorrência.

MOTIVOS

Conforme Oliveira, os assaltos são reflexos (negativos) do desenvolvimento da Cidade. “Onde tem dinheiro circulando, há bandidos agindo”, destaca. Porém reforça que boa parte dos crimes é cometida por bandidos locais, que possivelmente, se passaram do furto a ações armadas.

Essa passagem, acredita o oficial, está diretamente ligada à sensação de poder. “Para eles, muitas vezes não se trata de dinheiro, se trata de poder. De ser alguém dentro daquele mundo, de ser respeitado pela vítima. Eles buscam, de uma maneira rápida, sair daquela condição social e anseiam em fazer parte do ‘lado de cá’ da sociedade, porém nunca conseguem, independente de terem dinheiro ou não. Por isto, se vingam”.

LEIS

Outro fator decisivo para o aumento de roubos, não apenas em Três Lagoas, mas como em todo o Brasil é a questão da sensação de impunidade. O comandante cita exemplos: “Teve um bandido que prendemos três vezes no mesmo ano. Outro, preso há pouco tempo, tinha mais de nove passagens pela polícia e estava, novamente, solto”.


Geraldo defende que, enquanto o País não rever a penalidade para os crimes de roubo, os índices não irão baixar.  “O problema está na nossa Lei. Ela é muito branda, composta de uma série de benefícios que permitem ao criminoso muitas vezes nem ser condenado. Mas vai chegar a hora em que a legislação será alterada. O caminho é este”.