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Lula em Montes Claros

A visita do presidente Lula a Montes Claros entrará para a história dessa crise econômica. Não só pelo ato inaugural da Usina de Biodiesel, em que aproveitou para homenagear um ilustre filho da região, Darcy Ribeiro, como para lançar o programa das ZPEs, cujo grande patrono foi o ilustre (e muito saudoso) mineiro José Hugo Castelo Branco, ministro da Indústria e do Comércio do presidente José Sarney.

Na verdade, as ZPEs não saíram há 20 anos, época em que a China dava velocidade a programa similar e que lhe deu este formidável impulso, por ação política paulista. E é bom lembrar: sob o comando do então ministro Dílson Funaro, no governo, e do deputado José Serra, no Congresso. O mesmo técnico que vem trabalhando no assunto, Hélcio Braga, foi quem orientou o ministro José Hugo, assim como o embaixador José Maria Villar de Queiroz.

Roberto Campos, então senador por Mato Grosso, chegou a manifestar ao ministro sua simpatia pela tese, lembrando que o modelo em muito se assemelhava ao dos então chamados “tigres asiáticos”, sendo que o Brasil levava uma série de vantagens. A China, convêm lembrar, estava dando os primeiros passos na sua arrancada desenvolvimentista. Usou-se do nacionalismo para brecar o projeto e garantir, por mais algum tempo, uma indústria pouco competitiva, que, por fim, teve de ganhar produtividade com a reabertura dos portos promovida no Governo Fernando Collor. 

Uma pena que o Brasil demore tanto a fazer o chamado “dever de casa”, sempre pela mentalidade menor dos falaciosos a que nos referimos recentemente. O presidente Lula tem demonstrado vontade política de vencer a crise, derrubando as barreiras ideológicas alimentadas no seu grupo mais radical, com amparo na área ambiental e fiscal, por exemplo.

Medidas práticas, claras e simples podem atrair investimentos para um país com as nossas características. Tocar os projetos que podem oferecer garantia de energia, portos e estradas nos dará a musculatura para vencer a crise.  E a criação das ZPEs, se for sem dificuldades e sem demora ambiental para instalar os distritos industriais, pode ser um instrumento válido, embora tardio, pois, hoje, até na África existem projetos semelhantes.

Programas  de desenvolvimento precisam ter continuidade e apoio. Montes Claros mesmo é um bom exemplo, pois, com o fim da SUDENE, viu muitos projetos desaparecerem. E se hoje recebe investimentos de qualidade com ajuda do Governo de Minas deve a uma representação política de rara qualidade no Brasil de hoje. Tanto na Assembleia mineira, como na bancada federal, os representantes têm qualidade, o que é importante.

Aristóteles Drummond é Jornalista, Administrador de empresas e Relações Públicas