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Meteorologistas analisam causas das fortes chuvas na Amazônia

As previsões meteorológicas estimam que as chuvas tendem a diminuir gradativamente nos próximos dois meses.

A temperatura acima do normal no Oceano Atlântico Norte e o transporte de ventos quentes e úmidos dessa área para a região Norte do Brasil é provavelmente a principal causa das chuvas mais intensas e freqüentes neste início de 2009 na Amazônia. Juntos, de acordo com a chefe do Instituto Nacional de Meteorologia no Amazonas (Inmet/AM), Lúcia Gularte, esses fatores estão favorecendo, neste momento, a ocorrência das chuvas e intensificando as áreas de instabilidade já presentes na região.

“Os ventos quentes e úmidos que estão sendo transportados do Atlântico Norte para o Norte do país favorecem as chuvas e intensificam as áreas de instabilidade. O tempo está instável em todo o Norte do país, mas até amanhã [16], há possibilidade de chuvas fortes para o Amazonas, Pará, Roraima e Tocantins No caso do Amazonas, essas chuvas devem permanecer ainda até o início da segunda quinzena de maio”, disse Lúcia.

O físico e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Antônio Manzzi, explicou que o comportamento das águas oceânicas influencia o transporte de umidade para a Amazônia e, com isso, se haverá mais ou menos chuvas.  Em 2009, segundo o especialista, observou-se que, parte do Oceano Atlântico Tropical Sul, por exemplo, está mais aquecido, enquanto o Norte permanece mais ou menos na sua normalidade. Manzzi avaliou que a situação observada nos oceanos Atlântico e Pacífico comprova as condições favoráveis ao aumento de chuvas na Amazônia.

“Isso também provocou um maior aporte de umidade para a Amazônia. Neste caso, provocou o aumento de chuvas na região e a chegada mais cedo desse período chuvoso em algumas áreas. Tem também muita água nos nossos rios que vem das chuvas registradas na Colômbia e Peru”, disse Manzzi.

“O que estamos observando este ano não está fora da climatologia. É um evento que está ocorrendo naturalmente e ocorreria mesmo se não tivéssemos essas ações do homem queimando combustíveis fósseis e promovendo o desmatamento”, disse Manzzi.

As previsões meteorológicas estimam que as chuvas tendem a diminuir gradativamente nos próximos dois meses. Ainda assim, algumas áreas da Amazônia devem concentrar chuvas um pouco acima da média histórica ainda em maio. O meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Márcio Nirlando, confirmou que as atuais condições climáticas, sobretudo do Oceano Atlântico, já sinalizavam para o aumento do índice pluviométrico na região.

“No Pará, por exemplo, a estação chuvosa é iniciada em dezembro e se estende até maio. Do ponto de vista climatológico, isso é normal e a gente ainda espera para maio chuvas acima da média, mas com menor intensidade em comparação ao mês de abril. Chuvas concentradas em determinadas áreas e chuvas fortes em um curto espaço de tempo fazem parte das características dessa região”, finalizou Nirlando.