Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Vigilantes estão parados e bancos sem segurança

BB e HSBC restringiram o atendimento aos clientes, que precisavam dos serviços

Continuou ontem (17) a paralisação dos trabalhadores de empresas de segurança privada, vigilantes bancários e transportadores de valores, iniciada na manhã de quinta-feira (16), na maioria das cidades do estado de Mato Grosso do Sul, incluindo Três Lagoas.
As manifestações dos vigilantes continuou logo pela manhã, em frente às principais agências bancárias, com o objetivo de sensibilizar a população quanto “à importância das nossas reivindicações”, conforme explicou um dos líderes do movimento, Hildo Custódio. “Reconhecemos que a nossa paralisação prejudica a segurança dos clientes e está causando transtornos à população, que nada tem a ver com isto, mas é importante que as pessoas saibam que é justa a nossa luta por melhores condições de trabalho”, desabafou Hildo.
Ele informou que, em Três Lagoas, “Estima-se que são mais de 500 os trabalhadores dessa categoria. Só na VCP (Votorantim Celulose e Papel), trabalham 162 vigilantes da empresa Security”, disse. “Todos eles aderiram ao nosso movimento e estão parados desde ontem”, informou.
Além da Security, prestam serviços de vigilância e segurança privada em Três Lagoas as empresas Cifra, Sebival, Foxtesul, Luger e Máxima. “Nem todas elas prestam serviços de segurança nas agências bancárias”, explicou.
Para dar respaldo à falta de vigilantes, agentes da Polícia Federal fizeram ronda pelas agências bancárias. Algumas viaturas permaneceram ostensivamente paradas em frente aos bancos e dentro das próprias agências. Em algumas delas, como a do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, era discreta a presença da Polícia Federal.
Faixas, cartazes, bloqueio de trabalhadores que tentavam “furar” o movimento de greve e “apitaços” ensurdecedores marcaram o segundo dia de paralisação dos vigilantes bancários.
Os líderes do Sindicato dos Empregados em Empresas de Segurança e Vigilância de Transporte de Valores de Campo Grande e Região (SEESVIG) reivindicam junto às empresas de segurança privada em torno de 18% de reajuste salarial, aumento para R$ 100 no valor do vale refeição e ainda o adicional de periculosidade, de 30%. O salário base do vigilante bancário gira em torno de R$ 617.

ADICIONAL

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou nesta semana, em caráter terminativo, Projeto de Lei que institui o salário adicional de periculosidade para vigilantes e empregados em transporte de valores. Como o projeto tramita em caráter conclusivo, ele será agora encaminhado para votação no Senado Federal, sem ter que ser analisado pelo plenário da Câmara.
Pelo projeto, o empregado em atividade de vigilância ou de transporte de valores passa a ter direito a uma remuneração adicional de 30% sobre o salário, a título de adicional de periculosidade, que se incorporará ao salário para todos os efeitos legais.
“Fica reconhecida como perigosa a atividade de vigilância ou de transporte de valores”, diz o projeto, de autoria da deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Se aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente da República, o projeto passa a ser lei e assegura de imediato o adicional de 30 % nos salários dos vigilantes e empregados em transportes de valores.

CLIENTES

A greve por tempo indeterminado poderá estender-se por tempo indeterminado e, já no segundo dia, começou a causar transtornos aos clientes que precisaram de serviços de atendimento bancário, como saques na boca do caixa, empréstimos pessoais e outros negócios, que, normalmente não são resolvidos nos terminais eletrônicos.
As agências locais do Banco do Brasil, HSBC e Caixa Econômica Federal, “por questões de segurança”, conforme informou um bancário, restringiram ontem a prestação de serviços.
As agências dos bancos Real, Bradesco e Itaú não fizeram restrições ao atendimento de clientes, apesar da ausência de vigilantes. O Banco Real, segundo informaram os líderes do SEESVIG, chegou a contratar empresa particular de segurança para compensar o movimento grevista.
A medida de restrição de serviços bancários começou a gerar protestos dos clientes, que não esperavam que a greve dos vigilantes “iria ocasionar tamanho transtorno”, conforme manifestou um cliente do Banco do Brasil, empresário João Marcelo. “Quem é que irá arcar com os juros e multa que irei que pagar, se não resolver hoje o meu problema?” questionava Marcelo.
Com ele, estava também o empresário Miguel Apolinário, que precisava saldar um pagamento, referente a um boleto, que não havia chegado a tempo à sua loja. “Não recebi a tempo o boleto e precisaria resolver isto hoje. Se não o fizer, estou sujeito a uma possível quebra de contrato de fornecimento de mercadorias”, informou.
Preocupado com a mesma situação estava o advogado Fernando Marin Carvalho. De posse de um ofício judicial para levantamento e transferência de valores de um processo indenizatório, o advogado dizia que, apesar do prazo não estar vencido, “quem vai perder é o meu cliente, que precisaria do dinheiro imediatamente”, contou.
Por sorte, enquanto conversava com a reportagem do Jornal do Povo, aproximou-se uma funcionária do Banco do Brasil e comunicou ao advogado que ele iria ser atendido. Segundo ela, “o que ele precisa não depende de serviço de segurança, porque é somente consulta e levantamento de valores. Esse serviço não é feito na boca do caixa”, informou.