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Três Lagoas

Pesquisa mostra causas da evasão escolar no país

O principal motivo da evasão escolar de adolescentes é a falta de interesse pelos estudos

Uma pesquisa sobre motivos da evasão escolar no país divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que o Brasil não conseguirá vencer a batalha pela melhoria da qualidade do ensino se não convencer primeiro os principais protagonistas: os alunos e pais.
Em Três Lagoas, o levantamento ainda está sendo realizado, segundo informações do Núcleo Tecnológico de Educação (NTE). O diretor da Escola Estadual João Magiano Pinto (Jomap), por exemplo, revelou que até o final deste mês os números a respeito já estarão prontos, com referência ao ano de 2008.
Realizado com o objetivo de analisar as causas da evasão escolar na visão dos próprios jovens e de seus pais – a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – e de avaliar a taxa de atendimento escolar – a partir de dados da Pesquisa Mensal do Emprego – o estudo da FGV procura saber, por meio de perguntas diretas, por que o jovem não está na escola.
Foram feitas aos estudantes e aos pais perguntas como: porque não estão na escola, pela necessidade de trabalhar, por não ter vaga ou escola perto de casa, por dificuldade de transporte ou por que não querem a escola que aí está?

MOTIVOS

O principal motivo da evasão escolar de adolescentes é a falta de interesse pelos estudos, segundo o economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, coordenador da pesquisa, que mostra que 40,3% dos jovens de 15 a 17 anos abandonam a escola por falta de interesse, enquanto 27,1% saem por razões de trabalho e renda.
 Por outro lado, apenas 10,9% deles deixam de estudar por falta de acesso à escola e 21,7% o fazem por motivos diversos, entre os quais a gravidez precoce tem porcentuais relevantes.
O estudo mostra que, em 2008, 14,1% dos jovens dessa faixa etária deixaram de estudar. Esse porcentual é mais alto na região metropolitana de São Paulo (18,7%), de Porto Alegre (18,8%) e entre os ocupados (28%), o que indica uma relação entre a demanda do mercado de trabalho e o abandono escolar.
 "O pior da evasão acontece quando uma família pobre está num ambiente rico. O canto da sereia do mercado é mais forte", interpreta Neri. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) dos anos de 2004 e 2006 e a série de 2008 da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são as bases do estudo.
Entre as crianças de até 15 anos abrangidas pelo programa Bolsa Família, o papel do benefício é mais importante pelo controle de freqüência do que pela própria matrícula, uma vez que nessa faixa etária de 96% a 97% já estavam ou continuam na escola. O desafio maior é na faixa de 16 a 18 anos.
Marcelo Neri avalia que o efeito do benefício é mais significativo para o crescimento do número de matrículas nas escolas públicas na faixa de 15 a 18 anos. "Sou um defensor dessa extensão da cobertura etária do Bolsa Família, porém mais importante do que isso é você aumentar a atratividade da escola”,disse.