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Três Lagoas

Polícia Civil registra 20º homicídio do ano em menos de cinco meses

Em abril, seis pessoas foram assassinadas; apenas um caso foi solucionado

A Polícia Civil de Três Lagoas registrou o 20º homicídio deste ano. O crime ocorreu na noite de sábado (18), no bairro Vila Haro. Segundo o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, João Aparecido de Jesus Oliveira, 24 anos, estava na residência dele – situada à rua Bandeirantes -, quando, por volta das 21 horas, três homens invadiram a casa e começaram a agredi-lo à pauladas. Aos policiais militares que atenderam a ocorrência, a irmã da vítima, uma jovem de 20 anos – cujo nome será preservado -, informou que João teria tentado fugir das agressões, pulando o muro que liga a casa a uma residência vizinha, porém não resistiu aos ferimentos e morreu de bruços.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegou a ser acionado, porém o jovem morreu na hora.
Informações extra oficiais apontam que o jovem teria sido morto à facadas e pauladas na cabeça. A informação não foi confirmada pela Perícia da Polícia Civil, que esteve no local.
No boletim de ocorrência não consta o que poderia ter motivado o crime. Um policial informou que a irmã de João, que presenciou o crime, estava em estado de choque e, por conta disto, não pode ser ouvida.
Até o momento, as únicas pistas da polícia são os apelidos dos três supostos assassinos. O caso foi registrado na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) e deverá ser investigado pela 3ª Delegacia de Polícia, em conjunto com a Delegacia de Investigações Gerais.

VIOLÊNCIA

Apenas neste mês, seis pessoas foram assassinadas em Três Lagoas. O primeiro crime de abril foi registrado no dia 3, quando Odo Luiz Espindola Vargas, 48 anos, foi morto pelo próprio filho, de 17 anos. No dia 5, os irmãos Gabriel e Jair de Freitas Machado, 20 e 22 anos, respectivamente, foram executados com tiros na cabeça no bairro Ipacaraí. Um dia depois, Gleison Ferreira Rodrigues, 24 anos foi morto com quatro tiros, no Lapa.
O penúltimo homicídio foi de Alberto Rodrigues Geremias, 22 anos. O jovem foi baleado na rua José Amim, no dia 4, mas morreu após cinco dias internado no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora.
Dos crimes ocorridos neste mês, apenas um foi solucionado até o momento: o primeiro deles, em que o adolescente se apresentou.
Para muitos policiais, o aumento na criminalidade de Três Lagoas está diretamente ligado à falta de estruturação das polícias – entre elas a Polícia Civil, responsável pelo “pós-crime”: a investigação.
“Todas estão sofrendo com a falta de investimentos, e a população principalmente. Muitos não tem noção do quanto essa cidade está violenta. E a culpa é nossa: a Polícia Militar falha quando não consegue prevenir um crime, e a [Polícia] Civil, quando não consegue solucioná-lo, mas se esquecem de dizer que não temos meios suficiente para fazer nosso trabalho”, desabafa um policial – cujo nome será preservado.
Questionado pela reportagem, o delegado regional Vitor Lopes, informou que Três lagoas já comportaria delegacias especializadas para combater a criminalidade. O ideal, explica, seria que o Município contasse com uma delegacia especializada de roubos e furtos – cujos índices também estão aumentando na Cidade e na região. No entanto, admite que estes são projetos à médio e longo prazo. “Uma delegacia especializada ajudaria, e muito, a desafogar um pouco a Dig”, explica.
Para se ter uma base do aumento da violência em Três Lagoas, no mês passado a Polícia Civil registrou nada menos que 76 roubos. Destes, 46 foram registrados na DEPAC, 12 na 1ª DP, 16 na 3ª DP e apenas dois na 2ª DP. Em contrapartida, a 1ª DP, por exemplo, conta em média com apenas dois agentes por plantão e dois delegados. Na 3ª delegacia, campeã de registros de roubos após a DEPAC o número ainda é mais crítico: apenas um delegado e um policial. Por conta da falta de estrutura física e humana, todos os “boletins de ocorrência com autoria desconhecida” são destinados à DIG. Deixando furtos, homicídios, tentativas e outros crimes de lado, cada policial da Delegacia de Investigações Gerais teria uma média de 15 roubos para investigar – isto contando apenas os assaltos ocorridos em março.