Um vírus instalado nos computadores do Centro Integrado de Atendimento ao Trabalhador (Ciat) vem causando transtornos a muitos trabalhadores de Três Lagoas e região.
Nesta semana, a reportagem recebeu a denúncia de uma das centenas de pessoas que não conseguem dar entrada no seguro desemprego por conta da falha no sistema. Por telefone, M.N.A.S, 27 anos, coordenadora administrativa, que pediu para não ser identificada, disse que estava tentando a dar entrada no seguro desemprego há mais de duas semanas, sem sucesso algum. “Liguei na semana passada e disseram que nesta semana estaria tudo resolvido. Liguei novamente e nada. Chegaram a falar que eu poderia recorrer à Andradina (SP) para dar entrada. Mas, assim como muitos, não posso ir até lá”, desabafa.
E a trabalhadora completa: “É uma vergonha para a Cidade. Fala-se tanto em desenvolvimento econômico, em crescimento, em melhora, mas quando precisamos dar entrada no seguro desemprego, que é nosso direito, não conseguimos. O atendimento dessa Cidade precisa melhorar. E não estou falando apenas do Ciat, estou falando de todos os lugares: restaurantes, comércio e assim vai”, dispara.
Procurado pela reportagem, o coordenador do Ciat, Ivan José Alkmim, disse compreender todas as críticas. “É normal que as pessoas fiquem nervosas. Muitas precisam do dinheiro. O importante é lembrar que a culpa não é nossa. Estamos tentando reverter esta situação há algumas semanas. Infelizmente, estamos de mãos atadas”.
VÍRUS
De acordo com Ivan, o problema no sistema não foi exclusivo do Município. O vírus atingiu toda a rede de Mato Grosso do Sul, danificando o Sistema de Gestão de Ações de Emprego (Sigae), programa desenvolvido pelo Ministério do Trabalho. “O Sistema já havia apresentado falhas antes, ficando um ou dois dias fora do ar. Mas nunca aconteceu nada desse tipo”, completou. O programa foi implantado no Município, pioneira do interior do Estado a usá-lo, em 2001.
Desde o dia 1º de abril, todo o serviço do Ciat – entre entrada de seguro desemprego, cadastramento de vagas e de currículos – tiveram de ser suspensos por conta do vírus. “Tudo é controlado pelo Sigae, sem ele não podemos fazer nada. Em Campo Grande, os trabalhos foram retomados há 15 dias; já em Dourados, o problema foi solucionado nesta semana e agora foi que chegou a vez de Três Lagoas”, explicou. Hoje, são nove computadores parados apenas em Três Lagoas, sendo seis de atendimento e três de administração de vagas.
Na semana passada, o Ciat chegou a encaminhar um dos computadores à Campo Grande para reprogramação. A intenção era, por meio dele, recuperar os outros micros, porém, a tentativa não apresentou resultado. Agora, a coordenação do Ciat aguarda a vinda de um técnico do Sigae, de Brasília. De acordo com Ivan, a chegada do profissional está prevista para segunda-feira (27). “E ele só sairá daqui quando o problema for resolvido”, assegurou.
No entanto, o coordenador admite que os prejuízos com a paralisação não foram pequenos. Para se ter uma base, em dias normais, o Ciat atende uma média de 120 pessoas. O número de entradas no seguro desemprego feito pela unidade chega a 70 diários. Só de vagas, foram em torno de 120 que não foram lançadas no sistema. Cerca de 400 pessoas, média de pessoas empregadas no Ciat mensalmente, ficaram fora do mercado de trabalho por conta da falha. “Nós ocupamos a segunda posição em número de empregos, só perdemos para Campo Grande. Porém, neste mês, o índice será baixo. Até estou encaminhando um oficio ao Ministério do Trabalho informando o porque que da queda”, antecipou.
Além de Três Lagoas, o Ciat também atende os municípios vizinhos, como Ribas do Rio Pardo, Água Clara, Brasilândia e região. Enquanto o problema não é resolvido, a única solução é dar entrada em municípios vizinhos. No Estado, o local mais próximo é Campo Grande. O seguro desemprego pode ser retirado em qualquer lugar do país, dentro do prazo de 120 dias.
