Veículos de Comunicação

4

Sinais de retomada econômica podem reduzir corte de juro, dizem analistas

BC inicia nesta terça-feira reunião que definirá a nova taxa Selic

Os sinais de retomada econômica na economia – como o aumento do consumo, tanto de bens duráveis, como automóveis, quanto no varejo – pode fazer o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduzir o ritmo de redução da taxa básica de juros, a Selic, na reunião que será iniciada nesta terça-feira (28), em Brasília.

Seguindo de perto o relatório Focus, que reúne as projeções de mercado para a economia brasileira, especialistas entrevistados afirmaram que o corte da Selic deverá ser de 1 a 1,5 ponto percentual, segundo a primeira hipótese a mais provável. Desta forma, a taxa básica de juros da economia brasileira seria reduzida a 10,25% ao ano.

Os analistas entrevistados na tarde desta segunda-feira (27) citaram que, embora não haja pressão inflacionária – uma das justificativas “clássicas” usadas pelo Banco Central para frear o corte de juros –, a tendência mais conservadora deve prevalecer. Qualquer que seja o corte, porém, a Selic ficará no patamar mais baixo da série histórica, iniciada em 1996.

Recuperação

Para Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, as vendas no varejo estão se recuperando e há “certo receio” de que a inflação não fique tão longe da meta do BC quanto se esperava – por isso, o corte deve ser de 1 ponto percentual, o que levará a taxa básica a 10,25% ao ano.

Segundo o professor, o ideal é que, com a redução de 1 ponto, o BC continue a reduzir, ainda que lentamente, a taxa de juros nas próximas reuniões. “Não há nenhuma tendência de aumento de inflação, só que também não há aquela expectativa de queda muito forte como se imaginava”, explica ele

Segundo Walter Machado, presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), não existe nenhum perigo inflacionário, embora uma redução menor do juro possa preservar o interesse pelos títulos federais, cujo rendimento é indexado à Selic.

Machado lembra também que o perfil de redução dos juros pelo BC tende a ser conservador. Para ele, a redução de 1,5 ponto percentual da última reunião se explicou mais pela situação-limite que o país vivia no início deste ano com a desaceleração da atividade econômica. Ele prevê que a Selic esteja em 9,25% no fim deste ano.

 
Inflação

A economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, também prevê uma queda de 1 ponto percentual para os juros nesta reunião. Ela afirma que os dados de inflação mostram que ainda há espaço para redução da Selic, uma vez que a previsão tanto para 2009 quanto para 2010 é de 4,3% – abaixo, portanto, do centro da meta do BC, de 4,5% ao ano.

“O que a gente tem até agora são indicadores sinalizando uma recuperação de margem, com o comércio voltando para o patamar antes da crise. Mas são poucos sinais. E tem impulsos fiscais, com cortes (de impostos) do governo, mas o resultado no crescimento é ainda algo para ser verificado”, explica Marcela, que prevê taxa básica de juros de 9,75% em dezembro.

De acordo com Carlos Fagundes, professor de finanças da escola de negócios Ibmec-SP, “alguns componentes de retomada da atividade puxam um pouco para baixo essa queda”.

 

Ele acredita que 1 ponto percentual de corte é o “piso” da redução a ser anunciada até quarta-feira pelo BC. “Eu acho que 1 a 1,5 ponto é uma faixa de consenso”, diz.

 

1,5 ponto percentual

Analista da Rosemberg & Associados, Thais Zara aposta que o Copom mantenha a audácia da reunião passada e faça redução de 1,5 ponto percentual na Selic, que assim cairia para 9,75% ao ano.

 

“O BC sempre olha muito para a inflação. Mas ela está tranqüila, o que permite um corte desses”, frisa ela, lembrando que projeta uma taxa de 9,25% no fim de 2009.

Na visão de Carlos Daniel Coradi, da EFC Engenheiros Financeiros e Consultores, uma taxa de 1,5 ponto percentual sinalizaria para o setor produtivo que o governo está preocupado em garantir que o juro cobrado do empresário também seja reduzido, para que seja mais fácil para o pequeno e médio empresário produzir capital de giro para seus negócios.